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sexta-feira , 8 de novembro de 2024

Sucos de caixinha contribuem para o aumento da obesidade infantil

Oferecer às crianças sucos de fruta de caixinha é mais recomendado que refrigerante, correto? Segundo um estudo publicado pela American Heart Association, os sucos de fruta em caixa e energéticos são tão prejudiciais à saúde quanto os refrigerantes, pois o excesso de açúcar presente nessas bebidas responde pelo aumento da taxa de obesidade e do risco de diabetes, doenças cardíacas e câncer em crianças e adolescentes.

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Os pesquisadores utilizaram dados coletados no Global Burden of Diseases Study, de 2010, e conseguiram relacionar o consumo dessas bebidas a 133.000 mortes em decorrência de diabetes, 44.000 mortes por doenças cardiovasculares e 6.000 mortes por câncer, anualmente, ao redor do mundo. Com isso, ficou comprovado que o consumo de açúcar entre crianças e adolescentes atingiu um patamar 45% maior do que o aceitável.

Na Bahia, embora não existam dados epidemiológicos que comprovem esse crescimento, a prática clínica de diversos especialistas mostra que as crianças e adolescentes estão mais obesos e que doenças tidas como própria de pessoas mais velhas, como o diabetes tipo II e a síndrome metabólica, passa a ser acompanhada em faixas etárias cada vez mais jovens.

A pediatra Carla Sartore, do HapVida, conseguiu estabelecer um parâmetro em seu consultório. “De cada 10 crianças que atendo, seis estão acima do peso”, afirma. A pediatra diz que a falta de tempo e a falsa sensação de que estão oferecendo uma alimentação melhor faz com que muitos pais optem pelos sucos de caixinha, sem perceberem o perigo que se esconde na oferta da bebida. “O apelo da indústria alimentícia é muito grande e a falta de informação terminam contribuindo para a escolha desse consumo”, explica a pediatra.

Com uma postura parecida, a nutricionista especializada em saúde materno infantil, Lília Michele lembra que além do excesso de açúcar, os sucos industrializados ainda possuem muitos aditivos e corantes, que terminam provocando alergias e inflamações.

“As crianças privadas do consumo de frutas e sucos naturais podem apresentar deficiência de nutrientes, como as vitaminas C e A, e de minerais como o zinco e ferro”, explica a nutricionista, ressaltando que essas carências impactam no desenvolvimento físico e mental dos pequenos.

Para Lília, o ideal seria transformar as frutas em polpa ou em suco, e congelar para usar sempre que necessário. Para quem não tem tempo, a saída é buscar aqueles sucos de caixinha que são orgânicos, livres de aditivos e corantes, ou buscar os sucos de garrafas que são 100% fruta. “Quem não puder gastar tempo preparando suco natural, precisa estar disposto a investir tempo lendo os rótulos”, diz.

Força do exemplo
A médica Carla Sartore diz que quando o assunto é combater a obesidade infantil, o segredo é investir na amamentação e na qualidade alimentar ao longo da infância. “Criança amamentada não tem obesidade, então os pais precisam ter isso como um norte”, explica a pediatra. Ela lembra que os sinais de que uma criança está acima do peso pode ser observado no cartão da criança, através dos gráficos de crescimento.

“Esse cartão é obrigatório na rede pública e na privada para crianças, permitindo que os pais possam ter parâmetros de normalidade para verificar o peso da criança”, explica Carla Sartore.

A médica alerta que, no entanto, o exemplo da boa alimentação precisa começar em casa, com a família e ser reforçado pela escola. “Imagino que com a lista anual de material, a escola também poderia sugerir uma lista de alimentos que a criança possa incorporar à merenda”, sugere.

A endocrinologista Cristianne Ferrari, do Hospital Espanhol, ratifica a postura de que  exemplo deve começar com os próprios pais. Ela diz que filhos cujos pais são obesos têm 80% de chance de também se tornarem obesos. “Quando um dos pais é obeso, essa chance cai para 40%”, completa. A médica especializada em metabologia esclarece que a importância de manter crianças e adolescentes dentro do peso está diretamente vinculada à prevenção da obesidade na fase adulta. “As células têm memória, por isso, é importante mantê-las magras para que elas possam envelhecer dessa forma”, orienta.

Menos é mais
Ela lembra que, para evitar a obesidade na criança e no adolescente, não há necessidade de dietas radicais, mas de bom senso no momento de fazer as escolhas de cardápio.

“Hoje, as crianças terminam lanchando muito e fazendo as refeições mais importantes de qualquer forma”, pontua, destacando a necessidade de incentivar desde cedo, o uso de lanches mais saudáveis, como frutas. A médica faz questão de frisar a necessidade de atentar para o tamanho das porções oferecidas em lanches, ressaltando que nesse momento, a qualidade deve ser priorizada em relação à quantidade.

Cristianne Ferrari lembra que uma dieta que tenha no almoço feijão, arroz e uma proteína animal, além de uma salada já será excelente para garantir a saúde e controlar o peso. A médica também lembra que é importante incentivar desde cedo a prática de atividades físicas, principalmente aquelas que unam o lúdico ao movimento e possam ser feitas por toda a família.

Para aquelas crianças cujos hábitos alimentares já estão viciados, Carla Sartore diz que não há fórmulas mágicas, mas que os pais devem se empenhar para ir, aos poucos, modificando os hábitos e introduzindo alimentos novos e mais saudáveis.

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