Passeando ontem por uma das ruas mais badaladas de São Paulo, a Oscar Freire, chamou-me atenção duas mulheres paradas na calçada numa conversa em tom um tanto alterado. A rua é conhecida internacionalmente pelas lojas de alto luxo, restaurantes top, e frequentadores vip, mas não era nenhum desses o assunto das duas mulheres vestidas em trajes da moda. O assunto era diabetes! Sim, isso mesmo!
Enquanto uma teimava que “Fulana”, conhecida das duas, havia ficado diabética de tanto comer doce e consumir açúcar, a outra teimava que não. Quase me meti na conversa, mas achei que não era de bom tom. A que teimava que era, sim, o excesso de açúcar que havia deixado tal pessoa diabética argumentava que a taxa de glicose no corpo da pessoa era muito alta, o que demonstrava que ela consumia muito açúcar. E a outra tentava se contrapor. Como estava só de passagem, não sei qual foi a conclusão da conversa. E se a que estava certa conseguiu convencer a outra de que não foi o fato da pessoa consumir muito açúcar que a tornou diabética…
Essa cena ilustra bem como as pessoas pensam. Nós, que vivemos o diabetes no dia-a-dia, ficamos estarrecidos com o diálogo, mas é muito mais comum do que imaginamos. A partir do diagnóstico da amiga, ela pode ter a chance de conhecer um pouco mais sobre a doença. Mesmo que a interlocutora, ali na rua, não tenha conseguido convencê-la, é bem provável que ela chegue em casa, entre na Internet e busque entender melhor sobre o assunto. Esta é a minha esperança. E, quem sabe, ela não cai aqui no blog Educação em Diabetes…
Sabemos que, no caso do diabetes tipo 1, o consumo de açúcar não tem nenhum impacto no fato da pessoa se tornar diabética, já que se trata de uma doença auto-imune. E mesmo no caso do diabetes tipo 2 não seria o consumo exagerado de açúcar, isoladamente, que faria a pessoa desenvolver diabetes. Trata-se de um conjunto de fatores: hereditariedade, obesidade, idade (acima de 45 anos), hábitos de vida (sedentarismo, alimentação inadequada). O fato de a pessoa consumir muito açúcar, pode indicar que ela também tenha outros hábitos não saudáveis, como consumo de exagerado de gordura, vida sedentária, etc. O que pode levar a obesidade e ao diabetes. Enfim, embora o excesso de açúcar não faça bem para ninguém, o caminho que leva ao diabetes tipo 2 não é tão curto, e você tem a chance de mudar a rota antes que seja tarde demais. Por isso, é importante estar por dentro dos fatores de risco, que já foi tema de posts por aqui.
Saiba quais são os fatores de risco:
- Familiares próximos portadores de diabetes
- Idade acima de 45 anos
- Sedentarismo
- Excesso de peso ou obesidade
- Circunferência abdominal (mulheres acima de 80 cm e homens acima de 94 cm). Leia post sobre isso clicando aqui.
- Pressão Alta
- Colesterol elevado
- Mulheres com antecedentes de filhos nascido com mais de 4 Kg
- Diabetes gestacional
- Ovário Policístico
- Grupos étnicos de alto risco (exemplo: hispânicos, americanos nativos – índios Pima-, afro-americanos)
Quanto mais fatores de risco presentes, maior é a sua chance de desenvolver diabetes tipo 2.
Mas também recomendo um teste bacana, que encontrei esses dias em uma página do Facebook chamada Diabetes Sweet & Simple, para medir a sua probabilidade de desenvolver diabetes tipo 2 e diminuir as suas chances de falar sem conhecimento de causa. Clique aqui e confira!
Tem alguma história sobre o que as pessoas dizem quando você conta que tem diabetes? Divida com a gente. Mande para o blogueira@farmaciadocevida.com.br. Obrigada!