Os pés são parte integral da totalidade do corpo e após ter assumido a missão de carregá-lo ao longo da vida, é natural que se encontrem fragilizados, cansados e não obedeçam mais com a mesma rapidez e agilidade a função de caminhar.
Com o decorrer do tempo, a anatomia do pé vai se modificando. Os músculos, ossos, articulações, tendões e ligamentos vão perdendo sua função, favorecendo modificações na forma, tamanho e força que conseqüentemente comprometem o ato de caminhar.
Estas modificações podem ser decorrentes de doenças sistêmicas, de transtornos da marcha, maus-tratos ou traumatismos nos pés que comprometem a integridade das unhas, da pele, dos nervos, dos vasos e das estruturas ósseas.
Além disso, muitas vezes o desgaste e absorção do tecido adiposo da planta dos pés, tornam os ossos mais projetados, deixando-os desprovidos de amortecimento contra o solo, provocando assim, calos e calosidades gerando dor e desequilíbrio na deambulação.
A pele do idoso torna-se mais fina, frágil e ressecada, o que favorece o aparecimento de fissuras (rachaduras) principalmente no calcanhar. Pode ocorrer ainda diminuição da sensibilidade nos pés, colocando em risco para ferimentos.
A saúde do corpo pode ter reflexos nos pés?
Algumas enfermidades podem refletir na saúde dos pés também, afetando sua função, a locomoção, a marcha, a integridade da pele, entre outras. As mais comuns são: diabetes, osteoporose, artrite, varizes, artrose e outras doenças reumáticas, arteriosclerose, doenças dermatológicas.
Além disso, devido muitas vezes, a dificuldade que o idoso tem em fazer a higiene dos pés, eles podem ser afetados por fungos que atacam as unhas e pele principalmente entre os dedos, dando abertura para entrada de bactérias e outros microrganismos, podendo ocorrer como exemplo a erisipela, osteomielite, infecções fúngicas, dificuldade de cicatrização de feridas, ulcerações, entre outros problemas.
Estudos mostram que mais de 80% da população tem algum tipo de problema com os pés. E no idoso estes problemas trazem algumas consequências como: diminuição da força, coordenação, aumento da instabilidade postural e o risco de queda resultando em incapacidade funcional. Sendo muito comum ocorrerem acidentes com quedas nos idosos.
Levantamento realizado pela Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo aponta que, em média, três idosos são internados por hora em hospitais públicos do Estado de São Paulo vítima de quedas. Do total, 60% das internações foram de mulheres com mais de 60 anos.
A maioria dos acidentes ocorre dentro de casa, nas atividades do cotidiano do idoso, tais como:
- Subir em cima de bancos ou cadeiras para alcançar um objeto;
- Andar no piso molhado;
- Tropeçar em tapetes, passadeiras ou panos soltos na casa;
- Andar somente com meia ou calçados com solado mole, liso ou desgastados (eleva em 11 vezes esta probabilidade);
- Fios de telefone ou elétricos caídos no chão;
- Alterações na altura do piso, formando pequenos degraus;
- Banheiros sem tapete antiderrapante, sem barras de apoio no Box do chuveiro, no vaso sanitário e na pia;
- Usar sapatos com cadarço desamarrado, desabotoado, soltos nos pés.
Quais as principais queixas dos idosos em relação aos pés
- Onicomicoses;
- Calos e calosidades;
- Dedos em garra e outras deformidades;
- Pele fina e ressecada
- Fissuras (rachaduras) na pele
- Veias varicosas salientes
- Deformidades nos ossos e dedos
- Joanete
- Edema (inchaço)
Dicas para manter a saúde dos pés
- Manter hábitos saudáveis – alimentação equilibrada e variada com frutas, verduras, proteínas, fibras e carboidratos. Cultive o convívio social com familiares, amigos, comunidade, leitura e lazer. Hábitos saudáveis refletem diretamente na saúde do corpo e mente;
- Faça exercícios físicos – As caminhadas, alongamentos adequados à idade são de grande importância para manter-se ágil e independente para as tarefas diárias.
- Hidrate a pele – além de passar creme hidratante diariamente nos pés (mas nunca entre os dedos), é preciso ingerir água. O idoso, de maneira geral, toma pouca água, pois não sente mais tanta sede.
- Use calçados adequados para esta fase da vida – Idosos tiram menos o pé do chão, tem respostas mais lentas aos ajustes de equilíbrio e, por causa das alterações cognitivas, o prestar a atenção no ambiente ou em mais de uma coisa fica mais complicado.
O funcionamento natural dos pés é prejudicado pela escolha que as pessoas fazem pelos seus calçados, muito mais ligada a modismos do que ao conforto, estabilidade e proteção que eles deveriam representar.
Os calçados devem ser leves e fáceis de calçar. Evitar cadarços; fivelas e fechos difíceis de enxergar. O solado deve ser rígido, de material antiderrapante e com salto máximo de 2 cm. Deve manter-se preso e firme nos pés. Sapatos com tecidos maleáveis também são melhores, evitam os famosos calos e machucados, além de se adaptarem aos edemas que fazem parte do dia-a-dia dos idosos.
É fundamental que ofereçam conforto e segurança. Internamente sem costuras ou saliências que possam machucar os pés. Para caminhadas é recomendável o uso de um bom tênis. Caso o sapato cause desconforto, procure um ortopedista para avaliar a necessidade de fazer uma palmilha.
- Use meias de algodão ou lã, macias, sem costura interna;
- O uso dos chinelos pelos idosos não é proibido, mas não devem mantê-los nos pés de um modo contínuo. Os chinelos, apesar de confortáveis, não oferecem segurança durante a marcha e, no caso de idosos com a musculatura dos membros inferiores, mais frágil, eles terão mais facilidade de sofrer quedas. Um calçado fechado protege melhor os pés e produz uma maior firmeza durante a marcha.
- Corte correto das unhas – manter as unhas limpas, bem cortadas e lixadas. Corte com cortador, sem aprofundar os cantos. Usar escova macia para higienizar os dedos e ao redor das unhas. Lixar as unhas após o corte para evitar que possam engatar em roupas ou meias e até arranhar a pele e causar ferimentos.
O que a Podologia pode fazer pelos idosos?
- A podologia geriátrica tem por objetivo o estudo das alterações nos pés causadas ou agravadas pelo processo de envelhecimento, desenvolvendo cuidados diretos com os pés, primando pela melhora na qualidade de vida da pessoa idosa. Tem o papel fundamental de educação do idoso e sua família ou cuidadores, relacionados às alterações e problemas que ocorrem, agindo na prevenção, diagnóstico e tratamento da saúde dos pés.
- Para minimizar o sofrimento dos pés, são recomendadas visitas regulares ao podólogo, que fará a profilaxia e orientação quanto ao uso correto de meias, de sapatos firmes e confortáveis, inspeção rigorosa dos pés, hidratação da pele, remoção de calos, calosidades, corte correto das unhas, encaminhamentos para outros profissionais da saúde, entre outros.
O idoso, mais do que em qualquer outro momento de sua vida, deve ter cuidado e carinho com seus pés, que o levaram e ainda levarão para viver diversas histórias. Envelhecer não significa ficar imobilizado e vítima das dores da idade, reagir e integrar-se ao convívio social é fundamental para uma melhor qualidade de vida