Este post foi produzido por Luciana Oncken da Banca de Conteúdo (agência de conteúdo), com informações da Federação Internacional de Diabetes e publicado originalmente no site Viver Com Diabetes.
Existem dois tipos mais comuns de diabetes: o tipo 2, mais relacionado a estilo de vida e fatores hereditários; e o diabetes tipo 1, uma reação autoimune do organismo que ataca as células produtoras de insulina no pâncreas. Ambos podem atingir crianças, mas o tipo 1 é mais comum na infância
Manuela, 6 anos, começou a apresentar sintomas como vontade frequente de urinar e sede excessiva. No início, a mãe, a publicitária Fernanda Estessi, pensou que poderia ser o calor, mas como o sintoma persistia, ela resolveu levar a filha ao hospital. E logo veio o diagnóstico: diabetes tipo 1. Este tipo de diabetes nada tem a ver com estilo de vida, alimentação ou excesso de peso. Manuela, assim como a maioria das crianças diagnosticas com diabetes tipo 1, tem peso normal e leva uma vida ativa e saudável. E detalhe: não gosta e nunca gostou de doces. Trata-se de uma doença causada geralmente por uma reação autoimune, em que o sistema de defesa do corpo ataca as células que produzem insulina. A razão pela qual isto ocorre não é totalmente compreendida. Pessoas com diabetes tipo 1 produzem muito pouca ou nenhuma insulina . A doença pode afetar pessoas de qualquer idade, mas geralmente se desenvolve em crianças, como a Aline, ou jovens adultos. Pessoas com este tipo de diabetes precisam de injeções de insulina todos os dias, a fim de controlar os níveis de glicose no sangue.
“Na hora em que o médico me deu o diagnóstico, escondi o choro porque ela estava comigo. Não queria trazer esse peso pra ela. Mas ver minha princesa com glicemia igual a 727 mg/dL me trouxe a sensação de luto. Luto por um futuro condenado por uma doença incurável e por picadas diárias na Manu. Choro e uma dor insuportável me acompanharam por dias. Mas as lágrimas foram substituídas por uma paz e confiança no tratamento depois de apenas 10 dias de diagnóstico. A contagem de carboidratos (terapia nutricional que contabiliza os gramas de carboidratos consumidos nas refeições e lanches, com o objetivo de manter a glicemia dentro de limites convenientes) e informação boa e consistente que recebi da equipe médica me fizeram aprender a conviver com o diabetes numa boa. Mesmo. Hoje, com menos de três meses de diagnóstico, a glicemia está super bem controlada e a Manuela tem uma vida totalmente normal”, relata a mãe de Manuela, que criou uma página no Facebook chamada “Insulinamiga” (facebook.com/insulinamiga).
Fernanda estava atenta aos sintomas e sua filha pôde ser rapidamente diagnosticada e ter acesso imediato ao tratamento. Os sintomas mais comuns da doença são: vontade frequente de urinar, sede excessiva, aumento da fome, perda de peso, cansaço, falta de interesse e dificuldade de concentração, a sensação de formigamento ou dormência nas mãos ou pés, visão turva, infecções frequentes, feridas que demoram para cicatrizar, vômitos e dor de estômago.
Muitas vezes, esses sintomas são confundidos com sintomas de outras doenças. No início desta ano, os blogueiros da área de diabetes lançaram uma campanha para tornar o exame de glicemia capilar (feito por meio de um pequena gota de sangue em um aparelho simples, que dá o resultado em média em 20 segundos) como sexto sinal vital. Ou seja, quando uma pessoa chegasse a um pronto-socorro, além de ter pressão arterial, pulso (frequência cardíaca), respiração (frequência respiratória) e temperatura corporal medidos, teria também a glicemia medida. Alguns grandes hospitais do Brasil já adotaram este protocolo de atendimento. Um procedimento que poderia salvar muitas vidas e evitar sequelas.
Ao contrário de Fernanda, Sandra, a mãe de Gabriel, hoje com 3 anos, teve de levá-lo a dois hospitais. Os sintomas, no primeiro atendimento, foram confundidos com o de um resfriado. No segundo hospital, com de dor de ouvido. Só por insistência da mãe é que foi feito o exame de glicemia capilar, que revelou uma glicemia tão alta que o aparelho não conseguia medir. A enfermeira ao menos sabia o que significava o resultado do aparelho. Hoje, após um ano e dez meses, o menino segue vida normal, fazendo seu tratamento com insulina. O depoimento de Sandra e de outros pais e mães que passaram pela mesma situação, podem ser conferidos na página Teste de Glicemia Obrigatório (www.facebook.com/testedeglicemiaobrigatorio), ao lado de outros depoimentos, nem todos com final feliz. No início do ano, uma menina de um ano e oito meses, em Minas Gerais, foi diagnosticada com dengue. Ela tinha diabetes tipo 1 e foi a óbito. Outra criança de oito anos morreu em Teresina por receber soro glicosado ao apresentar quadro de desidratação. Era diabetes.
Obesidade infantil e diabetes tipo 2
O crescimento do sobrepeso e obesidade infantil tem levado as crianças a desenvolver diabetes tipo 2 ainda na fase da infância. Esse tipo de diabetes tem forte componente hereditário, agravados pelo estilo de vida e alimentação inadequados, e fatores ambientais. Costumava ser chamado de diabetes não insulino-dependente ou diabetes do adulto. O diabetes tipo 2 é responsável por pelo menos 90% de todos os casos de diabetes. É caracterizada pela resistência à insulina e deficiência relativa de insulina, um ou ambos, dependendo do tempo de diagnóstico.
O diagnóstico de diabetes de tipo 2 pode ocorrer em qualquer idade . O diabetes tipo 2 pode permanecer despercebido durante muitos anos, em média 7 anos, e o diagnóstico é muitas vezes feito quando surge uma complicação ou uma rotina de sangue ou teste de glicose na urina é feito. Muitas vezes, mas nem sempre, está associado a excesso de peso ou obesidade, o que em si pode causar resistência à insulina e levar a altos níveis de glicose no sangue, e é o que normalmente acontece em crianças que desenvolvem a doença em razão do peso.
O diabetes tipo 2, muitas vezes, pode ser controlado com exercícios e dieta. Mas ao longo do tempo a maioria das pessoas vai ter de usar medicamentos orais e ou insulina.
“Não há diabetes leve, tanto a diabetes tipo 1 quanto diabetes tipo 2 são graves”, observa a Federação Internacional de Diabetes.
Por isso, “é urgente que se façam mudanças no estilo de vida das crianças, introduzindo educação para uma alimentação saudável e programa de atividade física nas escolas, e junto às família”. O alerta é do médico Enrique Cabellero, do Joslin Diabetes Center, que esteve no Brasil em junho deste ano para participar do Congresso da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica.
Fatores de risco e prevenção
Em relação ao diabetes tipo 1, ainda estão sendo investigadas as causas. Sabe-se que ter um membro da família com diabetes do tipo 1 pouco aumenta o risco de desenvolver a doença. O diabetes tipo 1 não pode ser evitado.
Já para o diabetes tipo 2, os fatores de risco incluem: história familiar de diabetes, excesso de peso, dieta pouco saudável, inatividade física, aumento da idade, pressão alta, fatores étnicos, tolerância diminuída à glicose (IGT), história de diabetes gestacional, má nutrição durante a gravidez, tolerância à glicose diminuída ( IGT ), caracterizada pelo aumento da glicose no sangue acima do normal, mas abaixo do limiar para o diagnóstico da diabetes Evidências científicas mostram que mudanças de estilo de vida (que levam a um peso corporal saudável e prática de atividade física moderada regularmente) pode ajudar a prevenir o desenvolvimento da diabetes tipo 2. Tabagismo, estresse, depressão e restrição de sono têm sido estudados como fatores desencadeantes do diabetes tipo 2.
Novembro Azul pelo Diabetes
No Brasil, estima-se que haja 13,4 milhões de pessoas com diabetes, o que corresponde a 6,5% da população entre 20 e 79 anos. O Brasil está em 4º lugar em prevalência de diabetes. O diabetes só faz crescer em todos os países e o mais alarmante é que 50% dos portadores desconhecem sua condição, ou seja, este número deve ser muito maior.
Diabetes não diagnosticado leva a graves consequências e a incapacidades, sobrecarrega os sistemas de saúde e a previdência social, rouba qualidade de vida, leva a amputações, impotência, doenças cardiovasculares, renais, cegueira. Diabetes, quando não tratado adequadamente, mata.
Para alertar a população mundial sobre este grave problema, foi criado em 1991 pela International Diabetes Federation e pela Organização Mundial da Saúde (OMS) o Dia Mundial do Diabetes, que tornou-se um dia oficial das Nações Unidas em 2007, com a aprovação da Resolução das Nações Unidas 61/225.
O Dia Mundial do Diabetes é comemorado em todo o mundo pelas mais de 200 associações membros da Federação Internacional de Diabetes em mais de 160 países e territórios, incluindo o Brasil, todos os Estados Membros das Nações Unidas, bem como por outras associações e organizações, empresas, profissionais de saúde e pessoas que vivem com diabetes e suas famílias.
O símbolo do Dia Mundial do Diabetes é o círculo azul – o símbolo mundial do diabetes, que foi desenvolvido como parte do Unite para a campanha de sensibilização da Diabetes, aprovado em 2007 para marcar a passagem do Dia Mundial do Diabetes como resolução das Nações Unidas. O significado do símbolo do círculo azul é extremamente positivo. Em diferentes culturas, o círculo simboliza a vida e a saúde. A cor azul reflete o céu que une todas as nações e é a cor da bandeira das Nações Unidas.
O círculo azul significa a unidade da comunidade global de diabetes em resposta à pandemia da diabetes. Por isso, desde 2007, o mundo comemora o Novembro Azul pelo Diabetes, inclusive com o desafio do monumento iluminado de azul. No Brasil, entre os vários monumentos que serão iluminados de azul pelo diabetes, na noite de 14 de novembro, está o Cristo Redentor e o Pão de Açúcar, no Rio de Janeiro.