Nutrição Infantil: A Criança Com Diabetes na Escola

Alguns aspectos relacionados com a rotina diária da criança com Diabetes na Escola merecem uma abordagem mais detalhada, sendo elas: a determinação de glicemias através de monitorização e injeção de insulina, o reconhecimento e atuação no caso de hipoglicemia, as refeições na Escola, o exercício físico, as provas e as eventuais repercussões psicológicas do diabetes no ambiente escolar como um todo.

Existe, uma real dificuldade da alimentação da criança na escola, pois é a hora que a mesma faz suas escolhas longe dos pais. Isso pode exemplificar a importância da conscientização dos pequenos sobre sua doença, a influência dos alimentos nas suas glicemias e no controle como um todo.

A monitorização glicêmica realizada antes do almoço/jantar, no momento em que a criança volta para casa, pode nos dar a real interferência do lanche escolar sobre o controle metabólico e pode nos informar sobre o tipo e a quantidade de alimento ingerido nessa refeição.

Através dessa avaliação, analisamos a importância da presença de um membro da escola, que seja qualificado, para ajudar a criança fazer opções saudáveis em relação aos lanches e checar com ela quanto de carboidrato vem embutido neles, não ultrapassando as metas pré-estabelecidas pela Nutricionista da criança.

Na linha do desejável intercâmbio equipe de saúde/Escola, é indispensável que seja fornecida ao professor, para cada criança, informação escrita contendo normas precisas e detalhadas de atuação e contatos.

 

Cuidados com a Alimentação na Escola

– A garantia de cuidados à criança diabética na Escola é indispensável a curto prazo, para a sua segurança e, a longo prazo, para alcançar todo o potencial acadêmico e uma plena qualidade de vida.

–  O aluno com diabetes assim como qualquer outro aluno necessita de uma alimentação saudável e equilibrada, que atenda as recomendações nutricionais da merenda escolar. Comida Saudável não significa uma comida sem graça e monótona!

– Para evitar sentimentos de isolamento, a criança deve comer à mesa com os colegas, sem dietas especiais.

– Se a escola fornece a merenda escolar, ela pode e deve ser adaptável. Alimentos que contenham açúcar são facilmente substituídos por uma versão sem açúcar, ou por fruta. Podemos até em alguns lanches incluir alimentos com açúcar desde que orientados pelo responsável pela criança.

– Nas cantinas, pense em ter opções saudáveis como queijo quente, misto quente, salada de frutas, iogurtes lights. Isso ajudará a todos, não apenas as crianças e adolescentes com Diabetes, mas também crianças com excesso de peso.

Temos que ensinar a criançada ter mais prazer pela comida saudável, legumes e verduras e reduzir o consumo de alimentos ricos em gorduras e açúcares.

– Disponibilize aos pais e equipe o cardápio da semana ou do mês, com a informação nutricional do produto, isso facilitará a adesão ao plano alimentar prescrito pela equipe.

É conveniente que os pais conheçam previamente os horários e o cardápio da semana, de modo a planearem a insulina e as outras refeições, no caso das crianças que não usam insulinas rápidas.

– Na maioria das crianças pequenas, o plano alimentar, durante o dia, deve adaptar-se ao perfil de atuação e à dose de insulina previamente administrada de manhã, em casa. Assim, é importante que haja uma regularidade na composição e horário das refeições.

A criança pequena precisa de vigilância especial, para verificar se a refeição é consumida na sua totalidade e assim evitar situações de hipoglicemia. Um Plano Alimentar escrito pelo nutricionista com as quantidades previstas de acordo com as necessidades da criança pode facilitar esta vigilância.

A criança mais velha pode fazer insulina rápida antes das refeições, necessitando nestes casos de adaptar a dose à quantidade de carboidratos ingeridos.

– Entre as refeições principais, a criança diabética deve fazer pequenos lanches, mais frequentes, mas muito raramente será para isso preciso interromper uma aula. No entanto, o horário dos intervalos tem que ser respeitado.

Ter que realizar lanches é, muitas vezes, sentido pela criança como um estigma da sua diferença, e pode ser difícil convencê-la a levar de casa os alimentos necessários. Por isso, é  muito importante que as lanchonetes das Escolas tenham uma oferta variada de alimentos e não se limitem a “produtos” de duvidoso valor nutritivo.

– É importante que o aluno com diabetes seja autorizado a sair da sala da aula para ir ao banheiro, tomar água ou comer algum alimento, mesmo que seja fora do horário de intervalo. Isto porque os sintomas de diabetes podem ser corrigidos ou amenizados através destas ações.

– Qualquer mudança de comportamento da criança ou adolescente, pode indicar uma mudança de glicemia. Na dúvida, medir a glicemia.

– Tenha um kit hipoglicemia na escola e sempre a mão!

Todos profissionais que rodeiam a criança devem ser capazes de reconhecer os sintomas de hipoglicemia, uma queda rápida na taxa de açúcar do sangue: fome, suores frios, palidez, olhar “parado”, tonturas, tremores, falta de concentração, irritabilidade, alteração do comportamento.

Kit de Hipoglicemia
• Açúcar (3 saquinhos de 6 g de açúcar),
• 1 lata de refrigerante normal,
• 3 sachês de mel,
• 1 caixinha de suco de fruta,
• 5 balas moles.
• Opcional: Glucagon

Para colaborar, positivamente, no tratamento de uma criança com diabetes, é fundamental compreender os efeitos da atividade física, da alimentação e da insulina nos níveis de açúcar no sangue, e ter presentes algumas noções sobre a natureza da diabetes.