Muito se fala em diabetes gestacional. Mas a grande dúvida é: e quando eu já sou diabética, que cuidados devo tomar? Eu posso engravidar? Posso ter parto normal?

O que eu posso te dizer, por experiência própria, é que você vai precisar planejar tudo. Normalizar a sua hemoglobina glicada, estar com os exames em dia, é essencial para a gestação correr sem complicações.

O pré-natal exigirá mais consultas e mais exames. O exame de hemoglobina glicada será feito mensalmente, a microalbuminúria (para verificar o estado dos rins) e o exame de fundo olho (para observar alterações na retina) serão trimestrais.

O ideal é um acompanhamento multidisciplinar, envolvendo o obstetra (melhor ainda se for especializado em pacientes diabéticas ou gravidez de risco), endocrinologista e nutricionista – você pode também ter o acompanhamento de um profissional de educação física especializado. É importante que os profissionais responsáveis pelo seu atendimento conversem entre si.

Se a mulher faz uso de insulina, terá de ajustar as doses, e conforme a gravidez avança, essa é uma prática constante.

As maiores mudanças, no entanto, são sentidas por aquelas pacientes que não fazem uso de insulina – diabéticas tipo 2 e MODY. O único medicamento para diabetes considerado seguro para uso na gravidez é o cloridrato de metformina, mas, em muitos casos, com o avanço da gravidez e o aumento da resistência à insulina fica difícil manter um controle adequado. Essa mulher terá de se adaptar a uma rotina completamente nova. O monitoramento deve ser feito pelo menos quatro vezes por dia, mas pode chegar a oito a dez vezes por dia, sendo que um diabético tipo 2 raramente faz um controle tão rígido. Será orientada a uma dieta especial, com contagem de carboidrato. Deverá fazer um diário e apresentar aos médicos para ajustes no tratamento. Verá seu corpo reagir de uma maneira diferente, inclusive com mais episódios de hipoglicemia e hiperglicemia.

O tipo de parto vai depender do obstetra, que acompanhará o seu controle. Em muitos casos são realizados partos normais. O importante é que não haja sofrimento fetal.

Após o parto há uma queda acentuada da necessidade de insulina. As doses de insulina devem ser reduzidas e há casos em que é possível um bom controle glicêmico apenas com a amamentação. Esse foi o meu caso. Diabéticas tipo 1 correm mais risco de hipoglicemia após amamentar, por isso é sempre importante medir a glicemia antes de cada mamada e fazer os ajustes necessários.

O bom controle é essencial para evitar má formação fetal, complicações para a mãe e para o bebê, e evita que a criança nasça acima do peso. O bom controle, no caso do diabetes tipo 2, também significa redução nas chances dessa criança desenvolver diabetes na fase adulta.

Você pode ter certeza que todo o sacrifício será recompensado.

Separamos alguns links sobre gravidez em pacientes diabéticas para você se informar mais sobre o assunto:

• Texto interessante da Sociedade Brasileira de Diabetes, com boas orientações para quem está pensando em engravidar – Diabetes e Gravidez
• Entrevista com o endocrinologista e diabetólogo, Daniel Benchimol, do Rio de Janeiro, para o Portal Diabetes, em que ele fala sobre planejamento, possíveis complicações e dá orientações – Dr. Daniel Benchimol fala sobre diabetes e gravidez
• Publicação científica MedScape traz informações sobre a retinopatia diabética na gravidez e a necessidade dos controles rígidos para que a visão da paciente não seja afetada – Retinopatia diabética e gravidez

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