A Diabulimia é um distúrbio alimentar comum em diabéticos que deixam de tomar insulina ou diminuem as suas doses, com o objetivo de emagrecer. Acontece, principalmente, com adolescentes que foram diagnosticados precocemente e não estão satisfeitos com sua aparência.
Um ano após a sua morte, o mundo teve acesso ao relato de Lisa Day, a jovem diabética que morreu após estratégia drástica para perder peso. Em seu diário Lisa registrou em curtos parágrafos dias de agonia e depressão por conta de sua condição. Até que seus escritos fossem achados suas angústias não foram conhecidas pela família, que a descrevia como alguém que amava a vida, divertida e de muitos amigos.
A história de Lisa, embora trágica, não é um caso pouco comum. Mesmo a diabulimia não sendo reconhecida ainda como uma condição médica, mas sim como um espectro dos transtornos alimentares, afeta silenciosamente muitas pessoas que precisam lidar diariamente com o diabetes.
Uma dessas pessoas, a Luciana, resolveu compartilhar sua história com a diabulimia que felizmente teve um desfecho diferente da história de Lisa.
Mito ou Verdade: Insulina Engorda?
Leia abaixo o depoimento de Luciana:
“Olá, sou Luciana e logo que fiquei diabética, em 1988, minha vida mudou.
Dois meses depois de diagnosticada, comecei a comer exageradamente e, para compensar os abusos alimentares, tomava insulina para compensar.
Fazia isso sempre escondida das pessoas, pois naquela época o tratamento do diabetes resumia-se a 2 doses de NPH diárias. O uso de insulina regular era esporádico e feito apenas para corrigir glicemias muito acima do normal.
Na época não havia insulinas lispro, aspart, glargina e outras tantas, tampouco contagem de carboidratos e tratamento com doses múltiplas de insulina.
Não demorou para que eu engordasse. Com 1,53 cheguei a 69.9 kg. Seis meses depois de diagnosticado o diabetes, lembrei do quanto havia
emagrecido antes de descobrir a diabetes.
Decidi, desta maneira, abandonar, temporariamente, as doses de insulina para emagrecer (sem deixar de comer qualquer coisa). Depois, voltaria a tomá-las.
Doce, ou melhor, amargo engano.
Emagreci, mas não consegui parar com o comportamento alimentar errado. Até tentava. Mas um simples erro na alimentação, uma simples hipoglicemia que exigisse a ingestão de alimentos açucarados me deixavam completamente apavorada com a ideia de engordar.
E, mais uma vez, abandonava ou diminuía as doses necessárias de insulina. Era tentador poder comer à vontade e estar sempre magra, mas também assustador. Por infinitas vezes chorei ao deitar, com medo do futuro, desesperada com as conseqüências que chegariam se eu não mudasse de comportamento.
O problema maior é que tal comportamento afetava toda minha vida: estudos, namoros, amizades, projetos. Tinha dificuldade em perseverar nas coisas, pois aquela que deveria ser a tarefa mais simples (cuidar de mim) parecia impossível. Imagine então as demais. Tornei-me uma menina muito brava, estressada, teimosa, deprimida e com a auto-estima extremamente baixa.
Nas épocas em que conseguia cuidar do diabetes, comia exageradamente e acabava engordando. Não demorava muito tempo para abandonar as doses de insulina(sem deixar de me alimentar exageradamente) para emagrecer.
Busquei os mais diferentes médicos, mas nunca, quaisquer deles falaram especificamente sobre o que eu passava. Limitavam-se a me dizer que eu deveria ter força de vontade e que se eu continuasse a fazer o que fazia, iria me arrepender. Depois de tal discurso buscavam me tratar da mesma forma como eram tratados os demais pacientes. Nunca ouvia falar que alguém agia igual a mim, então imaginava ser a única pessoa do universo a passar pelo que passava.
Foram anos de psicoterapia, mas nada de melhorar naquilo que mais necessitava…cuidar de meu diabetes.
Em 2000, ou seja, 12,5 anos após a descoberta do meu diabetes tive a grande felicidade de participar de um grupo de jovens com diabetes da ADJ-SP. Minha vida a partir de então começou a mudar. Nesse encontro tive a oportunidade de conhecer uma menina(F) que, abertamente, falou pelo que passava. Juro que pensei ser eu falando. As mesmas dificuldades, o abandono da insulina para ficar magra e a profunda tristeza por fazer isso. Fiquei paralisada, emocionada. Descobri que eu não era a única pessoa do mundo. Pela primeira vez falei abertamente e, sem vergonha, sobre as coisas que eu fazia. Aquilo foi uma grande libertação.
Não bastasse isso, acabei conhecendo nesse mesmo acampamento um rapaz também com diabetes com que namorei e me casei. Desde o começo ele soube das minhas dificuldades e foi, ao mesmo tempo, firme, exigente e carinhoso comigo.
Futuramente conheci (N), que também tinha o mesmo problema. A abertura sobre mim, a ajuda diária de uma pessoa da família (marido), além de trabalhos nos quais passei a me envolver para auxiliar pessoas com diabetes foram fundamentais para que a diabulimia fosse embora.
Hoje cuido de meu diabetes com tranquilidade, alimento-me normalmente e nunca mais engordei. Minhas hemoglobinas glicadas no ano de 2010 foram todas inferiores a 7 (antes de 2000 muitas delas foram superiores a 15). O casamento acabou, mas isto em nada afetou meu controle e cuidados com o diabetes.
Em 2009 é que soube que o problema que eu tinha se chamava diabulimia (aliás, soube também que ela somente foi reconhecida como transtorno alimentar em 2006). Resolvi pesquisar e percebi que o Joslin (maior centro de pesquisa sobre o diabetes no mundo), trata de tal situação como um problema grave. Ao ler sobre isso, chorei durante horas. Soube, então, que não éramos somente Eu, F e N, mas nós e muitas outras meninas e mulheres (de diferentes locais do mundo que sofrem ou sofreram com isso) e de como tal problema precisa de um tratamento especial.
Com todo respeito aos infinitos psicoterapeutas, mas a diabulimia não se trata apenas em um divã ou em conversas em uma cadeira (e olha que sou formada em psicologia). O acompanhamento médico é essencial, mas não suficiente. É fundamental uma mistura integrada de tratamento médico, auxílio familiar (a família deve ser educada e ensinada a lidar com pessoas com diabulimia), convivência e trabalhos na área de diabetes, troca de experiências e, se possível, convivência com uma pessoa que já passou pelo problema e o superou.
Caso você seja uma pessoa com diabetes que passa pelo que eu passei, saiba que o quanto antes você procurar por ajuda, mais rapidamente será possível sair desse problema (e, preferencialmente, antes que as complicações apareçam). Assim, deixo meu e-mail para que entre em contato comigo, caso tenha vontade ludottis@hotmail.com
Um grande abraço e boa sorte.”
Dica Extra
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Muito interessante o relato, eu não conhecia esse distúrbio, é sempre bom descobrir as coisas. Eu tenho uma dúvida, eu tenho praticado mais exercícios e controlado a minha alimentação(diminuindo a quantidade de alimentos e melhorando a qualidade), mas não deixo de aplicar a insulina, apenas diminui o dose da regular, pois meus níveis de glicose estão mais baixos e estou conseguindo diminuir meu peso e estou muito satisfeito com esses resultados, vou fazer o testa da hemoglobina glicada daqui um mês, o último estava 8,5 e foi antes de eu começar a me cuidar melhor. Pelo que entendi do relato, você deixava de aplicar a insulina e comia todos os tipos de alimento, mas isso não faria a pessoa engordar ao contrário de emagrecer? A insulina engorda?
André!
Pesoas com diabetes tipo 1, quando não aplicam insulina deixam de processar a glicose como fonte de energia e passa a queimar células de gordura, por este motivo, perde-se peso. Acesse este artigo para entender melhor: Entendendo os Sintomas do Diabetes: FOME e PERDA DE PESO
Gostei muito, obrigado pelas informações.
abraços
FIQUEI ASSUSTADA COM ESTA INFORMAÇÃO,TENHO UMA PRÉ ADOLESCENTE COM DIABETES.
FAZ DOIS ANOS E MEIO QUE DESCOBRIMOS,A REVOLTA DELA É TÃO GRANDE QUE NÃO SEI MAIS COMO ARGUMENTAR….
VENHO PESQUISANDO SOBRE O ASSUNTO ,O MEDICO DELA DISSE QUE PRECISAMOS DEIXAR A SUA GLICEMIA NORMALIZADA ,ESTA DIFÍCIL.
ELA PELO DIAGNOSTICO PODE DESENVOLVER CETOACIDOSE DIABÉTICA,A ULTIMA GLICADA DELA HA UM MÊS FOI 10.80 .
SABER DESTE DISTÚRBIO ME ASSUSTA
OBRIGADA PELA INFORMAÇÃO, GOSTARIA DE COMPARTILHAR NO MEU FACE.