Todo dia ela faz tudo sempre igual
Me sacode às seis horas da manhã
Me sorri um sorriso pontual
E me beija com a boca de hortelã
(Chico Buarque)
Todo dia fazemos tudo igual, mas não como na música do Chico Buarque. Todo dia fazemos tudo igual, mas diferente das pessoas comuns, que não têm diabetes.
Todo dia acordarmos e mal levantamos, às vezes ainda no tempo e no espaço entre o sono e o despertar, e já estamos com o nosso companheiro de cabeceira, que não, não é um livro, é nosso medidor de glicose, em mãos. E lá vai a primeira de muitas picadinhas do dia.
Em seguida, claro, escovar os dentes, como todo ser humano, lavar o rosto, tomar um banho. E vamos para o café da manhã. Mas não sem antes aplicar insulina, ou tomar os comprimidos. É isso, para quem tem diabetes não é uma xícara de café, ou um copo de leite, ou uma fruta, a primeira substância a entrar em nosso organismo pela manhã. Ou é a insulina, ou comprimidos.
E bolsa de mulher com diabetes é muito mais completa. Ao lado da maquiagem e de todos apetrechos que carregamos lá dentro, lá está novamente o nosso companheiro, o medidor de glicose, e quem faz uso de insulina: canetas, uma para cada tipo de insulina, agulhas, uma bala ou um docinho – melhor ainda se for um glicofast – caso venhamos a ter uma hipoglicemia. Às vezes, um lanchinho, para não sermos pegas de surpresa e ficar muito tempo sem comer. É, porque não podemos nos dar ao luxo de esquecer o lanche. Os homens também têm de se virar para carregar isso tudo. Uma mochila ou a pasta de trabalho vai muito bem.
O almoço e o jantar devem ser precedidos de mais picadas. E, nos intervalos, gotinhas de sangue para ver se está tudo sob controle. Atividade física, nem que seja uma caminhada leve, deve fazer parte da rotina. O alimento deve ser bem avaliado antes de ser levado à boca. Fazer contas a cada refeição também faz parte da rotina. E as marcações glicêmicas devem ser anotadas.
Na hora de dormir, lá estamos nós com o nosso companheiro de cabeceira de novo, nosso monitor. Ajustes feitos, podemos pegar o nosso livro e finalmente nos darmos ao luxo de dormir.
Todo dia eu só penso em poder parar
Meio dia eu só penso em dizer não
Depois penso na vida pra levar
E me calo com a boca de feijão
(Chico Buarque)
Concordemos que há de se ter muita paciência, muita disciplina e força de vontade. Afinal, temos de conciliar tudo isso com todos os demais afazeres do dia a dia de uma pessoa comum. E não é que, com o tempo, tiramos isso de letra. Quer saber? Estamos mesmo longe de ser pessoas comuns, somos mesmo é especiais.
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Puxa !!! Estou começando esta rotina a menos de 1 mês qdo minha filha de 9 anos foi diagnosticada com D1….
Foi um baque, pq daquele dia em diante a nossa velha rotina mudou para uma , muito mais complicada e dolorida…idêntica ao texto….
Realmente esta vida é para super heróis… e eu, a cada dia, tento fazer comidinhas que ela possa comer e que deem prazer….Imploro a Deus, uma descoberta da medicina para que descubram uma tão sonhada cura…..para todos vcs…e para minha linda filhota… Um beijo.
Carla,
Para um controle glicêmico adequado existem 2 palavras: INFORMAÇÃO e DISCIPLINA, desta maneira sua filha terá uma vida normal e com saúde.
Conte conosco sempre!
Sou mãe de um garoto doce de 6 anos , quando vejo pessoas que descreve a rotina de um diabético me vejo dentro da história , pois a rotina é ardua porém necessária , todos os dias acordo meu doce com um beijo , sempre dizendo que é meu super heroi e confiante em Deus para que um dia tão proximo ilumine alguém que descubra a cura ou que amenize as picadas .
Como estou cansada,depois de 28 anos ainda sofro com essa rotina. E nas viagens então? Como viajo muito é aquele caus quando estou em voos internacionais. Receitas, insulinas, agulhas e lancetas.Varias vezes me disseram que eu não poderia embarcar com as agulhas da caneta e as lancetas do meu amigo INSEPARAVEL o glicosimetro,imaginem…Fico muito constrangida diante de tudo isto.
Que texto lindo, retrata um pouco dos heróis que são os nossos docinhos. Pessoas mais que especiais , que merecem toda admiração e respeito. Eu, como tia de uma DM1 mais que especial dedico todo meu respeito a vocês meus heróis.
Sou Pai de uma linda menina de 8 anos e meio, há quatro tem diabetes infantil, seu tratamento é em um hospital publico, seus medicamentos são doados em parte pelo poder publico, em parte com ajuda de familiares, sua alimentação, seu dia-a-dia é tudo igual, assim como no depoimento acima. São depoimentos como esses que nos encoraja para prosseguir com muita fé em DEUS.
DEUS ME DÀ FORÇAS PRA SEGUIR… … … … … ….
Adorei o texto, muito bem escrito!!
A nossa rotina do amanhecer ao anoitecer!
Parabéns Luciana!
Beijos
Sempre tive receio de que um dia esta herança familiar iria chegar na miha vida. Agora
é conviver com ela, de domingo a domingo, mais consciente da necessidade de carregar
os ingredientes recomendados na minha “mochila”. Ainda bem que não estamos sós, tem muita gente a nos orientar. Abraços
Desde janeiro, essa é minha rotina, exatamento como conta no inicio: “Todo dia acordarmos e mal levantamos,… , e já estamos com o nosso companheiro de cabeceira, que não, não é um livro, é nosso medidor de glicose, em mãos. E lá vai a primeira de muitas picadinhas do dia.
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E vamos para o café da manhã. Mas não sem antes aplicar insulina, ou tomar os comprimidos. É isso, para quem tem diabetes não é uma xícara de café, ou um copo de leite, ou uma fruta, a primeira substância a entrar em nosso organismo pela manhã. Ou é a insulina, ou comprimidos.”
meu filho tem 8 anos, desde outubro de 2010 ele passou a conviver com esta rotina, com muita fé em deus vomos superar esta doença.