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sexta-feira , 8 de novembro de 2024

Como deve ser a alimentação dos diabéticos?

Eu costumo fazer uma comparação do tratamento do diabetes com um carro. Ele precisa ter as quatro rodas em ordem, caso contrário não irá andar. Cada roda representa um cuidado nesse tratamento:

1). Prática regular de atividade física;

2). Uso correto da medicação;

3). Gerenciamento do estresse;

4). Alimentação equilibrada e saudável.

Com uma alimentação adequada, o diabético, de qualquer idade, irá crescer, se desenvolver e se manter, e ao mesmo tempo, controlar a glicose o mais próximo possível dos padrões de normalidade desejados, evitando os episódios de hipo (queda de açúcar no sangue) e de hiperglicemia (elevação do açúcar).

Como deve ser essa alimentação equilibrada?

– Fracione adequadamente sua dieta em seis refeições diárias: café da manhã, almoço, jantar e os lanches de intervalo (manhã, tarde e noite);

– Os horários dessas refeições deverão ser regulares, de três em três horas ou, no máximo, de quatro em quatro horas, para que não ocorram longos períodos de jejum;

– Nenhuma refeição deverá ser omitida;

– Alimente-se vagarosamente, mastigando bem os alimentos;

– A preparação dos pratos deverá ser variada, saborosa, colorida e nutritiva.

Os grupos de alimentos que deverão fazer parte do cardápio diário incluem:

a). Frutas: três a quatro porções, sendo uma delas fonte de vitamina C (abacaxi, laranja, tangerina, morango, kiwi, caju, goiaba,…). Divida estas porções entre o café da manhã, o lanche da manhã, o almoço e jantar;

b). Verduras e legumes: quatro porções, sendo duas delas em cada refeição (almoço e jantar); na qual uma delas seja crua e a outra cozida ou refogada. Para preservar as fibras alimentares, não pique ou cozinhe demais as hortaliças. As fibras são importantes para otimizar o controle da glicose, dão saciedade, auxiliam no funcionamento do intestino e ajudam na eliminação do excesso de colesterol;

c). Leite ou iogurte desnatados, queijos magros (minas, vernise, ricota, cottage, a linha light): três porções, divididas entre o café da manhã, os lanches da tarde e da noite);

d). Carnes magras (aves sem pele, peixe ou boi): duas porções médias de 100 gramas cada (almoço e jantar). Cada porção de 100 gramas equivale a uma palma da mão. Procure consumir peixe de duas a três vezes por semana, incluindo aqueles que possuam “ômega 3” (um tipo de gordura) como a sardinha, salmão, truta, namorado, anchova, cavala, cavalinha ou linguado;

e). Leguminosas (feijão, ervilha, lentilha, grão de bico ou soja): uma a duas porções (almoço e/ou jantar). Preserve a casca para ter mais fibra na dieta.

Deve-se dar especial atenção aos carboidratos que farão parte da alimentação, dando-se preferência aos que sejam ricos em fibras como os alimentos e produtos integrais. Os carboidratos são as principais fontes de energia do organismo e, portanto, deverão ser usados desde que a sua quantidade seja controlada. Uma estratégia de controle é realizada através da contagem de carboidrato. Pode-se escolher para o café da manhã e lanche da tarde: pão, torrada, bolacha, aveia, flocos de milho ou mix de cereais. A aveia contém “beta glucana” que auxilia no controle da glicose e do colesterol.

Para o almoço e jantar, pode-se selecionar arroz de qualquer tipo, batata inglesa ou doce, mandioca, mandioquinha, inhame, cará, farinha, cevada, cevadinha, quinua, centeio, trigo, aveia, milho ou macarrão. Deve-se completar essas refeições com um algum tipo de leguminosa.

Para o diabético, a sacarose (açúcar) poderá ser utilizada dentro de um limite específico em sua dieta, desde que a sua glicemia esteja controlada, realizando-se a contagem de carboidrato presente e sob orientação da equipe médica e do nutricionista que acompanham o caso.

Existem também os adoçantes dietéticos, que substituem os açúcares em geral, mel e melado. Atualmente, esses adoçantes têm boa aceitação sem comprometer o paladar, porém, deve-se evitar àqueles à base de frutose para que não ocorra o aumento dos triglicérides (tipo de gordura no sangue). A frutose será ingerida através das frutas.

Os refrigerantes adoçados com açúcar poderão ser substituídos pelos dietéticos, light ou zero, desde que não sejam usados à vontade. Sabe-se que os sucos de frutas naturais, diluídos em água, são opções melhores por fornecerem vitaminas e minerais. Os doces poderão ser preparados em casa com adoçantes para culinária, sendo mais uma opção para variar o cardápio. Pode-se, também, adquirir os doces dietéticos industrializados, contudo, avalie sempre sua procedência. Lembre-se: produtos dietéticos não devem ser consumidos livremente.

Apesar de existir uma preocupação maior no controle de carboidratos, por afetarem diretamente a glicemia, não se pode negligenciar o consumo de gorduras e proteínas na dieta dos diabéticos. Sendo assim, deve-se utilizar óleos vegetais no preparo dos alimentos (soja, milho, girassol ou canola), enquanto que o azeite de oliva deve ser utilizado no tempero da salada. A margarina cremosa light ou creme vegetal é uma opção para ser incluída no café da manhã e lanche da tarde. Caso a maionese ou o creme de leite sejam utlizados em alguma preparação, deve-se adotar, moderadamente, a versão light. Alimentos como o bacon, toucinho e torresmo não devem fazer parte do cardápio. Essas condutas buscam o controle na ingestão de ácidos graxos saturados, gordura trans e colesterol dietético. Com esses cuidados pode-se controlar o colesterol no sangue e prevenir a instalação de doença cardiovascular futura, em especial a coronariana (infarto do miocárdio).

As proteínas também precisam fazer parte da dieta para que se promova o crescimento e o desenvolvimento de ossos, da massa muscular e dentes saudáveis. Entretanto, não cometa excessos para que os rins não sejam sobrecarregados desnecessariamente. Não abuse do sal para evitar o descontrole na pressão arterial. Utilize temperos e alimentos naturais no preparo das refeições, ao invés dos industrializados ricos em sódio.

A oferta de calorias deverá ser calculada individualmente, considerando-se o resultado da avaliação do estado nutricional do diabético (que pode ser de baixo peso, peso normal ou excesso de peso) por meio dos dados antropométricos (peso, altura e índice de massa corpórea IMC), bem como o tipo, frequência e duração da atividade física, se realizada. No caso da criança diabética, devido ao seu crescimento e alteração no tipo de atividade física, é conveniente a reavaliação de peso e altura entre três a seis meses. Estas ações visam assegurar o desenvolvimento próprio da idade da criança paralelamente ao controle metabólico, tanto glicêmico (glicemia de jejum) quanto ao perfil lipídico (colesterol total, HDL-colesterol, LDL-colesterol e triglicérides).

Piramide Alimentar

Outro aspecto fundamental é garantir uma boa hidratação ao longo do dia que, associada à utilização da medicação para controle da glicemia e a uma alimentação balanceada, garantirá a adequação do peso.

Aconselho que o cardápio do diabético seja idêntico ao de sua família, para que todos tenham hábitos alimentares saudáveis. O planejamento de um plano alimentar saudável para o diabético deverá ser elaborado levando-se em conta a relação entre o paciente, o responsável e/ou cuidador e o nutricionista. Para tanto, deve-se conhecer os hábitos alimentares do diabético e de sua família, as disponibilidades da alimentação fora e dentro de casa e as preferências e restrições alimentares. Entendo que o diabético não pode ser excluído da definição do cardápio, até porque é ele que o fará ou não, dependendo de como o processo seja conduzido. Logicamente, o apoio e suporte familiar são decisivos nesse processo.

O diabetes deve ser tratado e monitorado ao longo da vida do diabético. Quando há um enfoque interdisciplinar nesse tratamento, o diabético é amparado, orientado e realiza o auto-cuidado de uma forma mais adequada, melhorando sua qualidade de vida, prevenindo ou retardando as complicações do diabetes como a retinopatia, nefropatia, neuropatia periférica e a doença coronariana. Nada melhor do que educar o diabético desde o momento de seu diagnóstico sobre o que é a doença, quais os cuidados necessários e como agir perante ela, sempre com uma postura profissional, de carinho, amor e paciência. Virtudes que todo profissional da saúde precisa ter em seu trabalho, especialmente com crianças.

Artigo escrito por Adriana Lúcia van-Erven Ávila. Nutricionista. CRN 3-2816 – Nutricionista da Clínica Christiane Sobral.

As informações acima têm caráter meramente informativo. Elas não substituem o aconselhamento e o acompanhamento de médicos, nutricionistas, psicólogos, profissionais de educação física e outros especialistas.

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5 Comentários

  1. elisabete aparecida santos silva

    parabens pela publicaçao sou diabetica ha mais ou menos 5anos e pela primeira vez li um artigo muito esclarecedor sobre a alimentaçao do diabetico. obrigada !

  2. Parabéns. Gostei mto das dicas de alimentação estava mesmo precisando. Obrigada!

  3. Nossa fiquei muito feliz quando vi meu texto no blog de vocês. Obrigada por tê-lo colocado e espero que ajude muitas pessoas. Parabéns pelo trabalho de vocês. Abraço. Adriana

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