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sexta-feira , 8 de novembro de 2024

Combinação de diferentes medicamentos é a chave para melhor controle do diabetes

Interessante o artigo do Dr. Ruy Lyra, que já foi presidente da Federação Latino Americana de Endocrinologia. Ele fala sobre a combinação de dois ou mais medicamentos para melhor controle da glicemia e sobre como essa linha terapêutica é importantes para não sobrepor efeitos colaterais. Por exemplo, se o seu controle não está satisfatório, é possível que, ao invés de aumentar a dosagem do seu medicamento, seu médico opte por combiná-lo com outra terapia para controle do diabetes. Dessa forma, os efeitos colaterais do medicamento não aumentariam. Ou seja, você usaria baixa dosagem de mais de um medicamento, evitando, assim, os indesejáveis efeitos adversos.

Essa também é uma maneira de preservar o organismos de efeitos cardiovasculares (infrato do miocárdio, por exemplo) e cerebrovasculares fatais e não fatais (como AVCs, popularmente conhecidos com derrames cerebrais).

O Dr. Ruy Lyra fala com base em estudos que demonstram que o controle com monoterapia, ou seja, com o uso de um só medicamento, é satisfatório em apenas 25% dos casos de diabetes.

Saiba mais, lendo o artigo desse renomado endocrinologista, logo a seguir! E se o seu controle não estiver bom com uso de um só medicamento, consulte seu médico sobre a possibilidade de uma combinação, como Dr. Ruy sugere.

***

Artigo Dr. Ruy Lyra:

Combinação fixa no Tratamento do Diabetes Mellitus tipo 2

Introdução

O objetivo primordial do tratamento do Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2)  é a redução das complicações diabéticas, sobretudo da morbidade e da mortalidade cardiovasculares. Assim, torna-se fundamental a busca pelo ótimo controle glicêmico, pressórico (pressão arterial) e lipídico (gordura), com isso reduzindo os eventos cardiovasculares e cerebrovasculares fatais e não fatais. No tocante à glicemia, muitos são os desafios para alcançar os alvos terapêuticos.

Em portadores de DM2, estudos prospectivos de longa duração têm mostrado que apenas um pequeno número de indivíduos consegue atingir e se manter nos níveis glicêmicos adequados com tratamento em monoterapia. Para alcançar estes objetivos, assim como no tratamento da hipertensão, quase sempre se faz necessária a associação de múltiplas medicações. Esta necessidade de associações de medicações para o melhor controle da glicemia tem motivado o desenvolvimento e o uso de combinações fixas de baixa dose de diferentes classes terapêuticas. O uso racional destas combinações de baixas doses fixas no tratamento do DM2 é relacionado em parte ao conceito de que a eficácia anti-hiperglicemiante (no combate a valores altos de glicemia) pode ser aumentada quando duas classes de agentes são combinadas, mas sem aumento dos efeitos colaterais que seriam observados com o aumento da dose de cada droga isoladamente. Este efeito pode ser obtido devido às diferenças das curvas dose-resposta para efeitos terapêuticos e colaterais.

Ao se utilizar baixa dose de uma determinada droga, é obtido apenas um efeito terapêutico parcial, mas muitas vezes capaz de reduzir significativamente a glicemia,  agregado a efeitos indesejados  mínimos.  Entretanto, se a dose é aumentada, um efeito terapêutico maior será acompanhado por mais efeitos colaterais.

Ao combinar duas medicações em doses não máximas, as vezes apenas 50% dos patamares superiores permitidos de um dado fármaco, um maior efeito anti-hiperglicemiante é determinado, sem, contudo, haver superposição de eventos adversos, já que esses não são aditivos. Em outras palavras, o uso de 2 anti-hiperglicemiantes em doses não máximas individualmente proporciona maior redução glicemica com menos eventos indesejados.

Associação de drogas e eficácia anti-hiperglicemiante

Estudos têm mostrado que poucos são os diabéticos que conseguem se manter bem controlados em monoterapia ao longo do tempo.  Um deles demonstrou que  somente 25% dos portadores de DM2  com glicemias de jejum entre 220 e 240 mg/dl atingiram o controle glicêmico adequado com doses máximas de metformina ou sulfonilurea (hipoglicemiantes) em monoterapia. O UKPDS, maior estudo prospectivo de intervenção em portadores de DM2,  também evidenciou que apenas 25% dos pacientes  se mantiveram bem controlados (HbA1c < 7,0% – hemoglobina glicada) com 9 anos de seguimento em monoterapia. Ainda, uma vez que DM2 é uma doença progressiva, mesmo pacientes com boa resposta inicial a  agente oral isolado, com o tempo necessitarão de incorporação de um segundo agente oral ou mesmo insulina.

Por outro lado, pode-se atingir um bom controle glicêmico mais rápido e em uma proporção maior de pacientes com o uso de baixas doses de dois fármacos que agem em diferentes vias fisiopatológicas, uma vez que o DM2  é desencadeado na maioria das vezes por mecanismos fisiopatológicos diversos, envolvendo  vários sistemas, tais como  resistência insulínica, disfunção das células β pancreáticas, aumento da produção hepática de glicose, redução do efeito incretínico, dentre outros. Associar duas medicações que atuem separadamente em um ou mais de uma desses mecanismos provavelmente promoverá maior redução  glicêmica quando comparado com a utilização de uma medicação que atua em um único braço fisiopatológico.

Dessa maneira, a combinação de fármacos se traduz em reduções glicêmicas adicionais. Além de aumentar o efeito desejado por ações sinérgicas, a terapia de combinação fixa pode minimizar os mecanismos de contra-regulação que são desencadeados toda vez que uma intervenção farmacológica é iniciada. É sabido que, quando um agente oral visa atenuar um dos braços fisiopatológicos de determinada doença, são iniciados mecanismos contra-regulatórios que agem para limitar o efeito da intervenção farmacológica, sendo isso bem documentado quando do tratamento da hipertensão arterial.

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8 Comentários

  1. Ronaldo Lopes da Silva

    Gostaria de saber saber mais sobre os medicação pra o diabetes

  2. Posso fazer a juncao do janumed e glifagr xr para uma pessoa de 90a.?no caso tirar o jardiance e colocar glifage no lugar?

  3. Interessantissimo.
    Pergunto : na gestão de vários tipos de medicamentos :
    1.)qual o horário “melhor” para eles?
    2.) podem ser tomados juntos?
    Ex. metformina, sinvastatina, glicazida, aas, entre outros
    Aguardo e mais uma vez, obrigado pelos esclarecimentos sempre postados.
    Fiquem com Deus

  4. Interessante o artigo do presidente da Federação Latino Americana de Endocrinologia, Dr. Ruy Lyra. Nessa semana, ele fala sobre a combinação de dois ou mais medicamentos para melhor controle da glicemia e sobre como essa linha terapêutica é importantes para não sobrepor efeitos colaterais. Por exemplo, se o seu controle não está satisfatório, é possível que, ao invés de aumentar a dosagem do seu medicamento, seu médico opte por combiná-lo com outra terapia para controle do diabetes. Dessa forma, os efeitos colaterais do medicamento não aumentariam. Ou seja, você usaria baixa dosagem de mais de um medicamento, evitando, assim, os indesejáveis efeitos adversos.

  5. ana maria da paz machado

    pode se tomar o remédio galvusmet 50/500 junto com glibencamida/?

    • Ana Maria,

      Não foi observada nenhuma interação de relevância clínica na coadministração da vildagliptina com outros antidiabéticos orais (glibenclamida, pioglitazona, cloridrato de metformina), anlodipino, digoxina, ramipril, sinvastatina, valsartana ou varfarina.

Seu comentário é muito importante, porque ele me ajuda a te conhecer melhor

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