A Associação Médica Americana (AMA) anunciou nesta semana que passou a considerar oficialmente a obesidade como uma doença.
O anúncio foi feito junto com a aprovação de uma Política para a Obesidade no país.
Em comunicado, a entidade afirmou que essa decisão ajudará a mudar a forma como a comunidade médica lida com esse problema que afeta um em cada três americanos, além de melhorar o tratamento e reduzir a incidência de problemas relacionados, como doenças cardiovasculares e diabetes tipo 2.
No Brasil, o Ministério da Saúde considera a obesidade um fator de risco, e não uma doença.
Mas, para a Associação Brasileira para Estuda da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso), esse conceito está ultrapassado.
“Para quem trabalha com obesidade diretamente e de uma forma séria, isso já é uma assertiva faz tempo. Na nossa rotina, definimos [a obesidade] como uma doença crônica e progressiva”, diz Maria Edna de Melo, diretora da Abeso e médica do Grupo de Obesidade e Síndrome Metabólica do Hospital das Clínicas da USP (Universidade Federal de São Paulo).
Ela acredita que a decisão nos Estados Unidos tem uma função principalmente educativa, em relação à população e a muitos médicos.
“É positivo porque fortalece o conceito de que é uma questão que precisa de um tratamento. Para muita gente, a obesidade ainda é vista como uma questão de opção, de comportamento, de escolha, e não é bem assim”, afirma Maria Edna.
Segundo o Ministério da Saúde, os últimos dados nacionais disponíveis revelam que 15,8% dos brasileiros são obesos – 48,5% estão acima do peso. O número vem crescendo: em 2006, eram 11,4% de obesos e 42,7% de pessoas com sobrepeso no Brasil.
O governo afirma que reconheceu a importância do problema ao lançar, em março deste ano, a portaria 424, que define diretrizes para prevenção e o tratamento do sobrepeso e da obesidade e trouxe, entre outras questões, mudanças no acesso à cirurgia bariátrica pelo Sistema Único de Saúde.