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sexta-feira , 8 de novembro de 2024

O dilema de uma escolha. Bomba de insulina, caneta ou seringa?

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Dia desses conversando com outra mãe a respeito dos diferentes tipos de tratamento do diabetes tipo 1, e diante das dúvidas dela sobre a melhor opção entre a bomba de insulina e a caneta de aplicação, relembrei um pouco da nossa experiência com a bomba de insulina.

Com quase um ano de diagnóstico resolvemos apresentar a bomba de insulina para a nossa filha, na época com 9 anos recém feitos. Nós pais sempre nos perguntamos sobre o que é o melhor para os nossos filhos, além de querer alcançar  esse melhor, é claro. Mas aquilo que pensamos ser o melhor, nem sempre assim se mostra. Na nossa cabeça, diminuir as picadas já seria um bom motivo para optar pela bomba. Só que, quem usaria a bomba não seríamos nós, e sim a nossa filha, que por mais que tivéssemos explicado e ilustrado com vídeos e fotos, não fazia uma ideia real de como seria usar a bomba durante o dia todo. Teoria e prática são coisas distintas. Nem nós adultos às vezes temos uma ideia clara das coisas, que dirá uma criança.

Enfim, apresentada e escolhida a bomba de insulina, iniciamos a etapa do test-drive. A enfermeira veio na nossa casa explicou tudo e instalou a bomba. Nossa filha ficou três dias com a bomba. Ela realmente não aguentou mais. Ok, foi o tempo que ela tolerou. Na época lembro de algumas pessoas falando que deveríamos ter exigido que ela ficasse os 30 dias do test-drive, ou no mínimo uma semana. Na minha opinião, isso já deixaria de ser um test-drive e passaria a ser uma obrigação, uma tortura. Ainda me recordo de nós duas no banheiro conversando, eu tentando convencê-la a ficar mais dias, e ela me dizendo que iria arrancar tudo. Entendo por test-drive da bomba de insulina que você tem até 30 dias para se decidir (ou até mais se for preciso), mas isso não quer dizer que você não possa desistir antes.

Foi frustrante? Sim, posso dizer que nos frustramos um pouco. E em grande parte porque as pessoas, e nós pais nos incluíamos nesse grupo, idealizam a bomba de insulina como a salvação da lavoura. E nem sempre ter tecnologia em diabetes significa ter melhores valores glicêmicos. Sei de pessoas que controlam super bem a glicemia com NPH e seringa. Assim como, já ouvi relatos de pessoas que usam a bomba e não conseguem controlar o diabetes.

Mas por mais rápida que tenha sido nossa experiência com a bomba de insulina, conseguimos aprender algumas lições a partir dela. Primeiro, com o relato da minha  filha: “eu só queria ver como era, eu nunca falei que não gostava das canetas.” E é verdade ela nunca reclamou. Quem sofria com as picadas éramos nós pais. Para ela aquilo estava tranquilo. Ela preferiu as canetas de aplicação, mas para poder comparar e escolher tinha que experimentar o outro método. Ela nunca teve maiores complicações com as glicemias, hipers descontroladas ou hipos constantes, que é um dos fatores principais para a recomendação do uso da bomba de insulina. Nós queríamos testar, e só. E todos devem estar preparados para não dar certo, ou, simplesmente, a criança não gostar.

Segundo aprendizado, essa experiência não descarta a possibilidade de num futuro ela querer usar a bomba. Pelo contrário, pode ser que em outra fase da vida ela opte pela bomba de insulina, já tendo um prévio conhecimento. Nada é definitivo no tratamento do diabetes. Existem opções diferentes. Que bom! Já pensou se todas as crianças com diabetes tipo 1 só tivessem a bomba como opção? E aquelas que não se adaptam? Ou, o contrário, só seringas?  Bomba de insulina, canetas de aplicação, canetas sem agulha, seringas. A única opção que não existe é ficar sem tratamento, sem insulina. Aliás, desde o diagnóstico da minha filha, em 2009, muitas novidades surgiram, e outras tantas estão surgindo.

Na verdade, escrevi esse texto porque, nós que cuidamos do diabetes, vivemos bombardeados de informação e, também, vivemos angustiados com a dúvida de se nossas escolhas são as melhores. Principalmente no momento do diagnóstico. Será que tal método é mais eficaz do que este que utilizo? Afirmo: o melhor tratamento é aquele que melhor se adapta ao seu estilo, à sua rotina, à sua disponibilidade financeira, à sua personalidade, ao seu bem estar. Só quem pode saber isso é você. E no caso dos pais de crianças com diabetes, deixem que eles experimentem, mas também estejam preparados para apoiá-los, seja lá que escolha eles fizerem. O importante é acompanhá-los no desafio de uma novidade, ou na permanência do já conhecido.

Um grande abraço!

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6 Comentários

  1. Estou no mesmo dilema, tenho muita curiosidade à respeito da bomba de insulina, atualmente estou utilizando seringa, mas vou mudar para caneta !
    Muito obrigado pelo post gostei muito.

  2. Minha filha foi diagnostica com 1 ano e 8 meses de idade, no primeiro ano usamos as seringas e logo depois começamos a usar a caneta, era doloroso tanta aplicação, mais não conseguimos controlar a glicemia, e optamos em colocar a bomba de insulina, no primeiro dia ela não gostou muito, quando ia brincar a bomba caia, no dia seguinte fizemos uma pochete, e resolvemos o problema, hoje a nossa dificuldade é na hora da escolha das bolsinha que adaptamos cada dia tem que ser uma diferente, hoje faz 1 ano que usa a bomba, não tem explicação como melhorou a glicemia, fora quando vamos jantar fora não precisa ficar dando insulina com a seringa onde todos ficava perguntando o que ela tinha olhando com discriminação, agradeço a Deus por ela ter se adaptado muito bem com a bomba.

  3. Anna Maria Cabus Caldas

    Amiga, ótima comentário. meu marido é diabético a nuito anos , desde de adolecente praticou varios tipos de esportes, começou , fazendo remo, desde cedo , competeiu muita vezes , depois entrou para uma academia e fez Karaté , foi ai que o conhecir. quando terminou de receber a faixa preta, parou e nos casamos. Depois começou a fazer corridas , competiu variás vezes , em variás maratonas , inclusive no Rio e S. Paulo, e tbm pedalava muito com distancia muito longa.. Porém qd casamos com tres anos de casada, ficou diabético. porém nunca deixou de fazer todos tipos de esportes. , teve de operar o joelho esquerdo por causa do minisco, e essa cirugia, não foi muito boa, naquele tempo, hoje sim tem outros recursos. Mesmo assim ele anda quase todos os dias, não pode correr mais por causa do joelho . Ele tem 66 anos , anda os dia todo resolvendo as coisas do dia a dia , mercado , bancos etc. Tem uma médica que acompanha ele , porém não segue a dieta , é muito teimoso. A diabéte dele é tipi 1 , usa insuluna todos os dias com a seringa, depois que chega da caminhada, ele mesmo aplica a insulina , e se alimenta com cereais com banana . . Porém as vezes pula um lanche, dizendo que o açúcar está alto . Estou precisando de uma ajuda , pois ele sempre tem perda de açúcar, e aí é terrivel , fica inconciente, temos que induzir o açúcar na boca , ele não quer aceitar , fica totalmente , sem saber de nada, depois que volta a sí, fica rebelde comigo e minha filha. Preciso saber de um medicamento para qd ele tiver essas crises . Obrigrada amiga. Aguardo uma resposta. Vou enviar essa respostagem toda que sempre recebo , para o mail dele.

  4. Adorei o texto, foi de grande importância pra mim, minha filha tem 9 anos hoje, descobrimos o diabetes quando ela tinha 7 anos. Penso em testar a bomba de insulina, quando ela for uma adolecente, lá pros 15 anos. Com a leitura desse texto, aprendi muito e agradeço pelo apoio e informação. Deus te abençoe, obrigado de verdade.

  5. Puxa tenho uma criança com 07 anos e estamos tentando colocar a bomba, para minha filha “Malu”, diminuirão as atuais 6 picadas que toma ao longo do dia. Espero que ela se adapte ou na pior das hipóteses voltar para o tratamento que faz hj. Estamos ansiosas…

  6. Olá Simone,

    Muito bom seu texto. Meu filho, 12 anos, tinha muito interesse em usar a bomba e depois que voltou do acampamento NR promovido pela ADJ- SP e conviver por uma semana com outras crianças que usavam, voltou dizendo que não queria experimentar a bomba por agora. É realmente muito importante o apoio nas decisões deles,afinal são ele quem vão usar.

    Flávia

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