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sexta-feira , 8 de novembro de 2024

DIABETES: O que os farmacêuticos podem fazer pelos pacientes?

Hoje é dia do farmacêutico e por este motivo resolvemos publicar uma entrevista com o farmacêutico Roberto Barbosa Bazotte. esta entrevista foi publicada na Revista Pharmácia Brasileira, uma publicação do CFF – Conselho Federal de Farmácia.

Leia abaixo a integra da publicação.

Pesquisas recentes apontam para um quadro muito sombrio da situação do diabetes, no mundo. A OMS (Organização Mundial da Saúde) declarou que a doença é uma grande ameaça para a saúde pública global. O Brasil não está de fora desse quadro. Pelo contrário, os dados relacionados à doença revelam que, até 2025, o País deverá passar do oitavo para o quarto lugar no ranking mundial de pessoas maiores de 18 anos com diabetes. Significa que 17,6 milhões de brasileiros, nessa faixa etária, estarão com a doença, o que quer dizer que serão 2,5 vezes mais que os atuais 7,3 milhões de adultos doentes. O problema é grave e causa perplexidade nas autoridades sanitárias. Há alguma coisa que os farmacêuticos brasileiros possam fazer, nas farmácias comunitárias (particulares), para mudar o panorama pessimista que assombra o País?

Sim, há muito. Para ser mais claro, os profissionais podem ajudar a alterá-lo, consideravelmente, por meio dos seus serviços de atenção farmacêutica. Ela é a alavanca com que os profissionais podem mover o mundo em favor do paciente diabético. Fazendo isso, os farmacêuticos acatarão a um grande chamamento pelo seu envolvimento com as questões sociais relacionadas às doenças crônicas e degenerativas no contexto da atenção básica, por meio da prestação de atenção farmacêutica.

E que serviços eles podem prestar? Como podem se especializar em diabetes e em outras doenças, para poder servir à população? As respostas estão com uma das maiores autoridades em diabetes, no Brasil, o farmacêutico Roberto Barbosa Bazotte.

Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) – Nível 1D, Bazotte possui graduação em Farmácia e Bioquímica pela Universidade Estadual de Maringá (1980), mestrado (1983) e doutorado (1989) em Ciências (Fisiologia Humana) pela Universidade de São Paulo e pós-doutorado pela Universidade do Texas (Houston-EUA). Atualmente, é Professor Titular de Farmacologia da Universidade Estadual de Maringá (PR).

Ele tem experiência em Fisiologia Endócrina e Farmacologia e tem atuação relacionada principalmente aos mecanismos de regulação da glicemia, hipoglicemia induzida por insulina, metabolismo hepático, produtos naturais biologicamente ativos e educação em diabetes. Roberto Bazzote integra a equipe de professores que ministram aulas no curso “O Exercício Profissional Diante dos Desafios da Farmácia Comunitária”, realizado pelo Conselho Federal de Farmácia e dirigido a farmacêuticos que atuam em farmácias comunitárias. Bazotte é o responsável pelo módulo “A atenção farmacêutica em diabetes”.

O curso do CFF, aliás, é uma ação revolucionária do órgão, com vistas a capacitar, na prática, os farmacêuticos comunitários de todo o País, vez que está sendo levado a todos os Estados (leia a matéria completa sobre o curso, nesta edição).

VEJA A ENTREVISTA COM O PROFESSOR DOUTOR ROBERTO BAZOTTE.


PHARMACIA BRASILEIRA – Dr. Roberto Bazotte, o que é diabetes e quais as diferenças entre os diabetes tipos 1e 2?

Dr. Roberto Bazotte – Diabetes mellitus é uma doença crônica, caracterizada pela deficiência de insulina, que acarreta um estado crônico de elevada concentração de glicose na corrente sangüínea (hiperglicemia), sendo os diabetes tipos 1 e 2 as duas principais formas de apresentação da doença.

O tipo 1, antigamente conhecido como infanto-juvenil ou ainda insulinodependente, caracteriza-se pela deficiência total de insulina, o que torna a insulinoterapia obrigatória. Surge mais freqüentemente na infância ou adolescência. O aparecimento da doença é caracterizado por um quadro clínico bem definido (hiperfagia, poliúria, polidipsia e emagrecimento), representando 5% a 10% dos pacientes diagnosticados.

O tipo 2, antigamente conhecido como diabetes da maturidade ou ainda não insulinodependente, caracteriza-se pela reduzida ação (resistência à insulina) e/ou secreção de insulina. No tipo 2, parte dos pacientes evolui, ao longo dos anos, para uma deficiência mais severa de insulina, tornando-se necessária a insulinoterapia.

Diferente do tipo 1, geralmente, não é acompanhado de sintomas clínicos. Abrange, desde indivíduos nos quais a dieta e os exercícios normalizam a glicemia a pacientes que necessitam de insulinoterapia. É o tipo mais comum de diabetes, representando 90% a 95% dos pacientes diagnosticados e por quase todos os casos não diagnosticados. É mais freqüente, a partir dos 40 anos, sendo 80% dos que apresentam excesso de peso.
PHARMACIA BRASILEIRA – O diabetes está crescendo rapidamente, no mundo inteiro, deixando perplexas as autoridades sanitárias. Que contribuição os farmacêuticos brasileiros podem dar à sociedade, nas farmácias comunitárias, para melhorar esse quadro pessimista?
Dr. Roberto Bazotte – O farmacêutico ocupa um lugar estratégico na detecção, prevenção e tratamento desta doença. Infelizmente, a maioria dos pacientes tem o seu diabetes (tipo 2) detectado, quando surge uma complicação crônica (hipertensão, impotência sexual etc.).

No Brasil, estima-se que tenhamos 10 milhões de diabéticos, dos quais 50% não estão diagnosticados. Dos pacientes diagnosticados, parte não inicia o tratamento. Dos que iniciam o tratamento, parte o abandonam. Temos ainda aqueles que decidem fazer tratamento por conta própria e ainda aqueles que estão fazendo um tratamento inadequado. Nos EUA e Europa, apenas 30% dos pacientes em tratamento estão com um bom controle glicêmico. A pergunta é: qual é a situação, no Brasil?

Devemos, ainda, nos lembrar de que, para cada paciente diabético (tipo 2), existe um pré-diabético, e este, se não tomar as medidas necessárias, se tornará diabético, nos próximos anos.

O farmacêutico, responsável pelo diagnostico laboratorial do diabetes, pode, também, realizar outros exames relacionados à doença, tendo, ainda, um papel central em qualquer outro local onde atua como profissional de saúde.

Na farmácia comunitária, o farmacêutico é o profissional de saúde que mais tem contato com o paciente diabético. Este vem à farmácia pelo menos uma vez por mês, para adquirir seu medicamento de uso contínuo, enquanto que a visita ao médico fica entre seis meses e um ano.

O farmacêutico pode, através de uma rápida entrevista, detectar se existe risco de diabetes (histórico familiar, idade, estilo de vida, excesso de peso) e estimular o paciente a fazer uma consulta médica e glicemia de jejum. Devemos nos lembrar que quem faz o diagnostico é o médico.

Mas médicos não saem por aí, agarrando pacientes e levando ao consultório. Cabe ao farmacêutico estimular o paciente à consulta. Outro ponto relevante seria se as farmácias oferecessem o exame da glicemia capilar, não como instrumento de diagnóstico laboratorial, mas de detecção e acompanhamento (como ocorre, por exemplo, em Portugal).

É importante lembrar que já existem equipamentos que fazem, além da glicemia, a medida do colesterol, triglicérides e lactato, o que aumenta a possibilidade de atendimento ao paciente diabético.

Voltando à sua afirmação inicial, sim, o diabetes está crescendo, no mundo todo e também no Brasil. Nosso desafio é estimular o farmacêutico que atua, na farmácia comunitária, a se inserir na detecção, e ao paciente já diabético, a atuar como educador, orientando o paciente particularmente nos aspectos relacionados ao uso correto dos medicamentos (adesão ao tratamento, possíveis interações medicamentosas etc.).

PHARMACIA BRASILEIRA – A atenção farmacêutica é a grande alavanca com o que o farmacêutico pode “mover o mundo” em favor do paciente diabético. O farmacêutico precisa atuar mais no campo da atenção básica, prestando atenção em doenças crônicas e degenerativas, como o diabetes e a hipertensão arterial?
Dr. Roberto Bazotte – Há um grande número de doenças, e os médicos estão encastelados em especialidades. Um psiquiatra, por exemplo, trabalha rotineiramente com antidepressivos, ansiolíticos e alguns outros poucos fármacos. Ele não precisará se preocupar muito com os antibióticos, antigripais.

Mas, na farmácia comunitária, aparece de câncer à dor de cotovelo, e ao farmacêutico é impossível conhecer todas as doenças e possibilidades de tratamento. A solução está em o farmacêutico da farmácia comunitária investir em doenças crônicas de alta prevalência na população e que geram o uso contínuo de medicamentos (diabetes, hipertensão, obesidade, dislipidemias).

No caso do diabetes mellitus tipo 2, a abordagem deve ser feita em conjunto com outras doenças associadas, a começar pela hipertensão arterial. Assim, o paciente diabético e pré-diabético deve ser acompanhado, além da glicemia e pressão arterial, nos seguintes aspectos: medida da cintura e peso corporal e lipidograma.

Este acompanhamento pode ser complementado com orientação nos aspectos nutricionais, atividade física e um contínuo estímulo ao paciente, para ele persistir no tratamento. O tipo 2, por ser assintomático e surgir mais freqüentemente no adulto, necessita de um trabalho árduo do farmacêutico na adesão ao tratamento que, se interrompido, favorecerá o desenvolvimento das complicações crônicas, particularmente o infarto do miocárdio e o acidente vascular cerebral.
PHARMACIA BRASILEIRA – Qu

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