Eles existem em todos os tipos e tamanhos: maridos, esposas, pais, filhos, irmãos, irmãs, parentes, amigos, vizinhos, colegas de trabalho, médicos, enfermeiras, e também os completos desconhecidos. Estão em toda a parte. Muitos parecem tão inocentes, e quando você menos espera eles dão as caras. Enquanto você dorme eles fazem planos secretos para pôr você na linha. Montam estratégias para ter certeza que você que está com tudo sob controle.
Mas quem são eles? Eles são membros de carteirinha da polícia diabetes. São seus amigos, colegas e familiares, que cuidam de você e do seu diabetes, mais do que você queira ou permita. Eles sabem que você é competente em muitos aspectos, mas quando se trata do
diabetes eles pensam que você é o maior irresponsável do planeta terra. Ou seja, um diabético criminoso. Se comeu um pedaço de bolo na noite passada, eles concluem que você não sabe nada sobre como manejar o diabetes. Portanto, esse é o trabalho deles: vigilância constante, noticiar quando você come e quando não quer comer, fiscalizar quando mede sua glicemia, e quando você não mede, dar discurso quando está alta ou quando está baixa. E claro, eles ainda têm a capacidade de fazer isso tudo na frente de outras pessoas. A polícia diabetes não perdoa.
Como fazer as pazes com a polícia diabetes? Existem 7 dicas que podem ajudá-lo a melhorar sua relação com essas pessoas tão preocupadas, mas também, pos vezes, inconvenientes.
1. Começe uma conversa. De maneira amistosa, fale honestamente sobre suas frustrações e dificuldades em administrar seu diabetes. Diga que você entende as preocupações, e aprecia o cuidado deles, mas que, em alguns momentos você fica muito chateado, e que esse tipo de ajuda não colabora em nada, só deixa você mais ansioso e chateado. Explique que é difícil mudar e fazer sempre escolhas
corretas, mas que você está se esforçando, a cada dia. Se for difícil falar, escrever também ajuda.
2. Faça uso da sua experiência pessoal com o diabetes. Procure lembrar do início da sua convivência com o diabetes, de quanto você teve que aprender, aceitar e se adaptar. De quanto tempo você levou para assimilar tanta informação. Esse tempo também será necessário para as pessoas que fazem parte da polícia diabetes. Eles precisam assimilar, não só as informações sobre o diabetes, mas também refletir a respeito da maneira como estão agindo. Dê tempo à eles.
3. Deixe claro seu empenho com o cuidado da sua saúde. Se na maioria dos casos você prefere privacidade, agora você precisa tornar público algumas coisas, é a melhor estratégia. Fale sobre o seu esforço e autocuidado. Mostre para a polícia diabetes que você age com responsabilidade. Esclareça que em alguns momentos você vai ter glicemias altas ou baixas, que isto acontece. Mostre que você sabe
como se cuidar nesses casos. Por exemplo, se sua esposa quer olhar sua glicemia para ter certeza que você está bem, deixe ela ver algumas vezes. Isso ajuda a baixar a ansiedade de todos.
4. Ajude a polícia diabetes a ser mais pró-ativa (de um jeito diferente). De maneira cuidadosa, fale o que você entende por ajuda e cuidado. Diga o que você espera, que apoio você precisa, que tipo de cuidado e preocupação são positivas. Esperá-lo com uma salada especial, ou uma companhia para a caminhada com certeza são mais positivos que um simples e inútil sermão.
5. Exponha áreas de responsabilidade. Argumentos sobre cuidado com o diabetes frequentemente resultam em confusão sobre quem deve ser responsável por determinadas atividades. Se o marido chega em casa e a esposa reclama que ele não come salada é fácil. E a discussão fica interminável, só prejudicando os ânimos. Agora, se ela pergunta que saladas ele gostaria de comer, quais suas preferências, aí já existe comunicação. E ela não só está cobrando responsabilidade dele em fazer escolhas mais saudáveis, mas também está sendo responsável em ajudá-lo a se esforçar.
6. Dê uma boa olhada no espelho. Considere o quanto das suas atitudes contribuem para que a polícia diabetes esteja sempre vigilante. Você está realmente sendo cuidadoso com a sua saúde?
7. Se nada disso funcionou, procure ajuda de um profissional. Quando o conflito se torna hábito é difícil baixar a guarda. Às vezes, mudanças são muito difíceis de realizar. Procure apoio e ajuda de um proifissional. Uma pequena ajuda pode fazer uma grande diferença.
E claro, não se esqueça que essas pessoas, mesmo que de maneira errada, querem ajudá-lo. Depende de você mostrar que é um adulto responsável e cuidadoso com sua saúde.
Até mais!!
(Esse texto foi inspirado no capítulo 14 do livro Diabetes Burnout, do psicólogo clínico William H. Polonsky / tradução livre)