Tem situações que nos tiram da rotina, e por incrível que pareça, acabamos aprendendo algumas lições com elas. Foi meu caso essa semana: meu caçula adoeceu e tive que ficar em casa com ele. Numa dessas tardes longas e de cuidados maternais, acabei me deparando com uma revista antiga, que comprei há uns meses atrás, e só agora consegui ler ela por inteiro.
Em uma reportagem sobre a busca incessante do ser humano por felicidade, deparei-me com um trecho que falava sobre o jogador de tênis André Agassi. Resumindo, o texto relatava a relação do atleta com o esporte, e de como ele encarava os seus desafios. Ele diz que, quando jogava profissionalmente analisava todas as variáveis possíveis para poder ganhar o jogo – a excelência da raquete, dos treinos, o seu estado físico e emocional, enfim, tudo o que poderia interferir no seu desempenho. Na sequência ele relata, com graça: “só não podia controlar a bolinha.” Mas o que sempre o estimulava e o divertia nos jogos era o fato de não poder controlá-la. Ali é que estava toda a graça do tênis para o jogador: brincar com os caprichos inesperados da bolinha.
Para Agassi, não era só questão de ganhar ou perder, mas de praticar um esporte que lhe dava um enorme prazer. “Um bom jogador deve manter sempre o espírito leve e brincalhão”, finaliza o tenista.
Eu nunca pratiquei tênis, mas imagino que seja um esporte que exige muito esforço físico e mental. É preciso estar bem posicionado, com a intensidade correta de força, tanto para lançar como para receber a bolinha, e ainda cuidar os movimentos do jogador a sua frente. Um jogo individual, em que o atleta conta somente com seus esforços e habilidades. Um jogo que pede concentração e suor.
Mas até Agassi, um dos maiores tenistas, precisou aprender que não se controla o jogo sempre, por mais esforços que se façam. É preciso saber aceitar o inesperado da bolinha, já que é isso o que estimula e atrai os grandes jogadores.
Na vida sempre teremos muitas bolinhas quicando na nossa frente (a minha “bolinha inesperada” essa semana foi deixar de molho alguns projetos de lado, pois meu filho precisava de mim). Muitas sem controle algum. Muitas, nem sabermos de onde vieram. Mas são essas bolinhas que nos fazem enxergar que, às vezes, nosso jogo pode dar certo, outras não. Mas que devemos seguir tentanto, treinando, nos aperfeiçoando e correndo atrás das outras bolinhas que aparecerem.
Afinal, aceitar o inesperado é o que movimenta o jogador.
Bom treino e boa semana!!
Sigamos jogando…
Simone Del Fabbro Vollbrecht
Psicóloga e Educadora em Diabetes