O Transplante de Pâncreas é a Cura para quem tem Diabetes?

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Poucas pessoas que receberam o diagnóstico de diabetes se abstiveram de se fazer uma pergunta como esta: um transplante de pâncreas vai me curar do diabetes?

Algumas pessoas chegam a se indagar, também, se o funcionamento do pâncreas será comprometido após o diabetes ser diagnosticado.

Isto porque o órgão em questão está diretamente relacionado com a produção da insulina, o hormônio, que já conhecemos de longa data, responsável pela entrada de glicose nas células que posteriormente a transformam em energia.

Dado a relação direta entre nosso pâncreas e a produção de insulina em nosso corpo, é completamente comum que dúvidas como as citadas surjam em nossas mentes.

Para chegarmos às respostas dessas perguntas, primeiro vamos conhecer melhor o nosso pâncreas e seu funcionamento.

Como funciona o pâncreas?

O Pâncreas é um órgão que se situa na parte superior do nosso abdômen, atrás do estômago e tem 2 funções principais: a produção do suco digestivo, que atua na digestão dos alimentos que consumimos (função exócrina); e a produção de hormônios (insulina e glucagon) que atuam no equilíbrio da concentração de glicose no sangue (função endócrina).

Assim, o órgão funciona como uma glândula que possui sua função endócrina responsável por secretar substâncias diretamente para a corrente sanguínea, e sua função exócrina, encarregada da secreção de enzimas(sucos digestivos) através de dutos para o intestino delgado. Lá, aquele continua a dividir os alimentos que passaram pelo estômago.

Cerca de 99% das células pancreáticas são responsáveis pela produção do suco digestivo, que é composto por água, bicarbonato de sódio e enzimas digestivas. Estas enzimas são responsáveis pela digestão de gorduras, proteínas e carboidratos.

O suco digestivo produzido pelo pâncreas é secretado no intestino delgado. O bicarbonato de sódio é responsável pela neutralização da acidez causada pelo suco gástrico, produzido no estômago. A neutralização da acidez, faz com que as enzimas do suco digestivo, produzido pelo pâncreas, entrem em ação.

As enzimas incluem:

  • Tripsina e quimotripsina para digerir proteínas
  • Amilase para quebrar os carboidratos
  • Lipase para quebrar as gorduras em ácidos graxos e colesterol

As células endócrinas são espalhadas na superfície do pâncreas como pequenas ilhas. Eles são chamados de ilhotas de Langerhans, pois foram descobertas pelo patologista Paul Langerhans. Estas células das ilhotas produzem insulina e glucagon. Elas são chamadas de células endócrinas porque secretam hormônios diretamente no sangue. Esses hormônios ajudam a regular os níveis de glicose no sangue.

Como o pâncreas mantém os níveis de glicose em equilíbrio?


Sabemos que manter os níveis de glicose no sangue em equilíbrio é muito importante. Níveis elevados de glicose no sangue (hiperglicemia) é prejudicial para todos os órgãos do nosso corpo. Níveis muito baixos de glicose (hipoglicemia) também não nos faz sentir bem, provocando sintomas como tontura até perda de consciência.

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Quando os níveis de glicose no sangue sobem após uma refeição, a insulina é liberada pelas ilhotas de Langerhans citadas acima. A insulina é, então, capaz de transportar a glicose do sangue para as células do corpo, onde ela será convertida em energia. A insulina também permite que o fígado e os músculos armazenem glicose. Isto tem o efeito de baixar os níveis de glicose no sangue.

Quando níveis de glicose no sangue estão muito baixos, o pâncreas libera glucagon na corrente sanguínea. Este hormônio atua como um antagonista para a insulina. Isso faz com que as células do fígado liberarem a glicose armazenada deixando-a disponível como uma fonte de energia para nosso corpo. O fluxo de glucagon é interrompido, uma vez os níveis de açúcar no sangue sobem.

O que é diabetes?

Diabetes não é causada pela comida, mas sim por uma disfunção das células beta do pâncreas, que são responsáveis pela produção e secreção de insulina.

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Diabetes é quando temos um excesso de glicose na corrente sanguínea e isso pode ocorrer devido a produção insuficiente de insulina ou a produção de uma insulina que não desempenha o seu papel corretamente, que é o de transportar a glicose para dentro das células e assim ser usada como energia.

No caso do Diabetes Tipo 1, as células beta não produzem mais insulina e o tratamento é composto por aplicações diárias de insulina associada a uma alimentação balanceada e atividade física regular.

No caso do Diabetes Tipo 2, podemos ter uma produção insuficiente de insulina pelas células beta pancreáticas, como também a produção e secreção de uma insulina que não consegue desempenhar o papel dela corretamente (resistência Insulínica) ou, ainda, os 2 fenômenos juntos.

Depois de conhecermos como funciona o nosso pâncreas, podemos dizer que mesmo tendo diabetes, o pâncreas continua funcionando, pois ele continua produzindo enzimas digestivas, e as células Alfa continuam produzindo glucagon, ou seja, nosso pâncreas continua funcionando.

O transplante de pâncreas


O transplante de pâncreas tem alcançado um grande sucesso na normalização dos níveis glicêmicos de pacientes diabéticos tipo 1, eliminando a necessidade de aplicações diárias de insulina e das frequentes medições de glicose.

Normalmente os pacientes que se submetem a este tipo de transplante são os que têm diabetes tipo 1 e apresentam complicações renais mais sérias, fazendo, assim, um transplante duplo de pâncreas e rim.

Pacientes diabéticos tipo 1 que já foram submetidos a um transplante renal posterior e apresentam-se função estável, também podem se submeter a um transplante de pâncreas.

Devemos lembrar que o transplante é um procedimento cirúrgico, como qualquer outra cirurgia, os riscos são eminentes.

Veja agora o que recomenda a Associação Americana de Diabetes (ADA em inglês):

  1. O transplante de pâncreas deve ser considerado uma alternativa terapêutica aceitável para pacientes diabéticos em terapia contínua de insulina com doença renal em fase final iminente ou estabelecida, que já fizeram ou pretendem fazer um transplante renal, para que o transplante bem sucedido de um pâncreas não coloque em risco a sobrevivência do paciente, a melhorar da função renal, e restauração da glicemia normal. Esses pacientes também devem atender às indicações médicas e critérios para transplante renal e que não tem excessivo risco cirúrgico para o procedimento de um transplante duplo. O transplante de pâncreas pode ser feito simultâneo, ou subsequentemente a, um transplante renal. A sobrevida a um transplante de pâncreas é maior quando feito em conjunto com um transplante renal.
  2. Na ausência de indicações para o transplante renal, o transplante de pâncreas só deve ser considerado uma terapia em pacientes que apresentam os critérios abaixo:
    1. Um histórico de complicações metabólicas frequentes, agudas e graves (hipoglicemia, hiperglicemia, cetoacidose) que requerem atenção médica;
    2. Problemas clínicos emocionais com a terapia de aplicações diárias de insulina exógena que são tão severas sendo também incapacitante.

Conheça os benefícios para quem faz o transplante:

  • É possível manter um nível normal de glicose no sangue sem tomar insulina.
  • Muitas das complicações relacionadas com os efeitos do diabetes são prevenidas ou retardadas.
  • A maioria das pessoas que apresentam neuropatia diabética (danos nos nervos), que recebem um transplante de pâncreas tem seus quadros clínicos estabilizados e, por muitas vezes, apresentam uma melhora.

Desvantagens de um Transplante de Pâncreas:

  • O pâncreas é reconhecidamente o órgão mais imunogênico e, portanto, o mais propenso a rejeição do que os outros órgãos de nosso corpo.
  • Nosso corpo trata o novo pâncreas como um corpo estranho, assim o sistema imunológico ataca o pâncreas transplantado (pâncreas novo).
  • Pacientes transplantados devem ser tratados com drogas imunossupressoras para evitar a rejeição do novo pâncreas. As drogas que suprimem o sistema imunológico podem diminuir a resistência a outras doenças, tais como câncer, e ou infecções bacterianas e virais.

Enquanto a cura não chega

Como vimos neste post, o transplante de pâncreas pode ser uma alternativa promissora para quem tem o diabetes tipo 1. Ainda assim, o tratamento contínuo é a melhor opção para se alcançar uma alta qualidade de vida mesmo tendo diabetes.

E o primeiro passo para se alcançar a qualidade de vida é conhecer seu corpo, suas condições de saúde e o que você deve consumir. Conhecer os grupos alimentares e como eles impactam seus níveis de glicose no sangue, vão te permitir a fazer boas escolhas alimentares.

A falta de informação sobre alimentação é um problema bastante sério e que incomoda muitos diabéticos. Por este motivo eu escrevi o Livro Digital “Alimentação Sem Restrição”, que vai te mostrar como você pode comer comidas que adora e ainda assim manter os níveis de glicose controlados.

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