Síndrome Metabólica – A epidemia do século XXI

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Você sabia que com hábitos de vida desregrados, ganho de peso e falta de atividade física podemos ter ou estarmos predispostos a desenvolver a Síndrome Metabólica?

A Síndrome Metabólica, também chamada Síndrome da Resistência à Insulina ou Síndrome Plurimetabólica é um conjunto de fatores de risco que aumenta nas pessoas as chances de desenvolverem doenças cardiovasculares (infarto e derrame), doenças de vasos periféricos e diabetes. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, cerca de 20% das pessoas que vivem em países industrializados têm ou terão a síndrome. Sua incidência aumenta com o passar dos anos e atinge ao redor de 40% da população entre 60 e 70 anos de idade.

A Síndrome Metabólica duplica a incidência de doenças cardiovasculares e triplica a mortalidade dessas pessoas, daí a importância da prevenção e tratamento precoce. Os pacientes que apresentam essa síndrome são aqueles que têm grande volume abdominal (e com isso maior gordura nas vísceras abdominais), diabetes ou têm um histórico importante de diabetes na família, além de outros sinais clínicos de resistência à insulina, aumento dos níveis de triglicérides, ácido úrico e LDL e têm o HDL, a chamada “gordura boa”, baixo. O médico também poderá observar alterações de outros marcadores laboratoriais mostrando que o organismo do pa-ciente está sofrendo um processo inflamatório não esperado, decorrente dessa síndrome.

A gravidade da síndrome se deve ao fato de sua manifestação ser lenta e por muitas vezes silenciosa, não dando sinais clínicos imediatos ou sintomas que façam com que o paciente procure ajuda médica, mas vai tornando a pessoa cada vez mais predisposta a doenças a ela relacionada.

A causa exata da Síndrome Metabólica ainda não é totalmente esclarecida, mas sabe-se que está associada diretamente à resistência à ação da insulina, hormônio produzido pelo pâncreas, responsável pelo metabolismo da glicose, fazendo com que as células não consigam aproveitar de maneira eficiente a insulina que é produzida pelo pâncreas para abaixar a glicemia e os níveis de triglicérides. Essa resistência à insulina é resultado de uma combinação genética e estilo de vida que inclui dieta rica em gordura, sedentarismos e outros fatores que podem aumentar a secreção de hormônios relacionados ao estresse e a obesidade.

Níveis consistentemente elevados de insulina e glicose levam a danos coronários e de outras artérias, passo importante para a ocorrência de infarto cardíaco e derrame cerebral. Além disso, essa síndrome faz com que ocorra a mudança da capacidade do rim em eliminar o sal, o que leva ao aumento da pressão, dos níveis de triglicérides e da possibilidade de formação de coágulos, contribuindo para o grande aumento da predisposição para as doenças cardio-vasculares.

Já com a sensibilidade comprometida à ação da insulina, o pâncreas trabalha ainda mais e produz níveis elevados de insulina, na tentativa de suprir o déficit de energia que as células sofrem e, mais uma vez, fechando o ciclo que leva ao aumento dos riscos de complicações.

Algumas atitudes da vida moderna e cuidados com a saúde podem prevenir a síndrome ou tratá-la precocemente. Por isso fique atento aos fatores de risco que você pode estar exposto. Se tiver três ou mais dos fatores de risco abaixo, provavelmente já possui a síndrome e deve procurar melhorar seus hábitos de vida e buscar orientação médica.

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  • Cintura maior que 102 cm nos homens e 88 cm nas mulheres;
  • Pressão arterial maior ou igual a 130/85 mmHG e se já fizer uso de medicamentos para pressão;
  • Níveis de triglicérides acima de 150mg/dl;
  • Glicemia de jejum maior que 99mg/dl ou fizer uso de medicamentos para controle de diabetes;
  • O nível de colesterol considerado bom, HDL, for menor que 40mg/dl em homens e 50 mg/dl em mulheres.

Prevenção e tratamento precoce, sempre os melhores remédios:
Uma vez que a falta de atividade física e o excesso de peso são fatores importantes para desencadear a Síndrome Metabólica, praticar exercícios físicos regularmente e emagrecer pode ajudar a reduzir ou prevenir complicações associadas a essa condição.

O médico poderá também prescrever medicações que controlem os fatores de risco ou tratar de forma estrita as disfunções apresentadas associadas à síndrome, diminuindo, assim, as chances de complicações.

Uma perda moderada de peso ao redor de 5 a 10% do peso total pode fazer com que as células voltem a ser mais sensíveis à insulina e assim diminuir a necessidade da produção exagerada desse hormônio, impedindo sua ação devastadora para o organismo como um todo.

A atividade física com 30 minutos diários de exercícios aeróbicos de pequena intensidade diminui os níveis de insulina, pode ajudar na perda de peso, na redução da pressão arterial, na melhoria dos níveis de colesterol e na redução dos hormônios relacionados ao estresse.

Exercícios físicos regulares por si só reduzem o risco de doenças cardíacas, mesmo quando não acompanhado de perda de peso. Na Síndrome Metabólica a atenuação e o controle de algum de seus fatores predisponentes resulta numa melhora significativa do quadro total.

É aconselhável manter uma dieta saudável, com carboidratos restritos a menos de 50% do total do consumo diário de calorias e consumir mais fibras, que diminuem a absorção dos carboidratos e saciam a fome mais rapidamente, além de reduzir a ingestão de carnes gordurosas e não ultrapassar a meta de ter no cardápio somente 30 a 45% das calorias vindas de gorduras.

O ideal é consumir gorduras saudáveis, não saturadas, azeite de oliva, óleo de linhaça, peixes ricos em Omega-3 como salmão e sardinha, nozes e castanhas que podem ajudar a melhorar os níveis do colesterol bom e ajudam na perda de peso.

Sabe-se atualmente que pequenas doses de vinhos ricos em Reverastrol também podem ajudar a diminuir riscos cardíacos. Aqueles que já apresentam a Síndrome Metabólica devem se conscientizar de que é uma doença tratável. Afinal, ficar magro, com músculos bem definidos e bem condicionado fisicamente não é um castigo para ninguém, mas sim um prêmio para quem decidiu se cuidar.

Escrito por:
Drª Christiane Sobral | CRM-SP: 69.623
Médica Endocrinologista e Coordenadora do Centro de Diabetes do HSL.

As informações acima têm caráter meramente informativo. Elas não substituem o aconselhamento e o acompanhamento de médicos, nutricionistas, psicólogos, profissionais de educação física e outros especialistas.

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