O velho, a criança e o burro – sobre o que nos define e nos condena

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Li essa pequena grande história há pouco tempo. Ela é tão antiga, e assustadoramente atual. Simples e profunda, ao mesmo tempo.

Muito popular na Índia, um país rico em cultura e ensinamentos, ela ilustra esse nosso modo contemporâneo de estar constantemente sendo vigiado, ou até determinado,  pela opinião alheia.

Tudo começa numa cidadezinha em que viviam um menino com seu avô. Numa manhã eles decidiram levar o único animal que possuíam para um mercado do outro lado da cidade. A venda do burro ajudaria a comprar sementes para a próxima estação.

Os dois comeram e beberam, vestiram-se com roupas limpas e escovaram o burro. Depois de todas as tarefas domésticas realizadas, cada um se posicionou de um lado do animal, e começaram a andar.

No meio da cidade, um grupo de jovens, gargalhando, gritou em direção aos dois: “- Que imbecis! Eles têm um burro e não o usam! Pelo menos o velho podia montá-lo!”

Ao ouvir os jovens, o velho decidiu montar o animal. Agora o neto puxava o burro pelas rédeas. Alguns instantes depois, um grupo de mulheres indignadas gritou em direção aos dois: “- Que falta de vergonha na cara! Um senhor de idade montado no lombo do burro e uma pobre criança andando a pé!”

Ao ouvir as mulheres, o avô decidiu trocar de lugar com o neto. Agora era ele que puxava as rédeas do animal. Minutos depois, um grupo de trabalhadores gritou em direção aos dois: “-O mundo acabou! Que absurdo! Os mais novos não respeitam mais os velhos! Onde já se viu tal cena, um menino deixar um ancião andando a pé!”

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Ao ouvir os homens, os dois decidiram compartilhar o lombo do burro. Quando eles estavam quase chegando ao mercado, alguns comerciantes vociferaram: “-Vocês não tem coração! Coitado do pobre animal! O peso dos dois vai acabar quebrando o lombo do burro!”

Ao ouvir os comerciantes, os dois saltaram do lombo do burro, entreolharam-se e resolveram carregar o animal nos próprios ombros. Assim que entraram no mercado, todos os que lá estavam começaram a rir daquela cena inusitada. Alguns gritaram: “-Que idiotas! Têm o burro e, em vez de montá-lo, carregam-no nas costas!”

Ao ouvir tais comentários, o avô e o neto ficaram sem saber o que fazer e, sem perceber uma pedra no meio do caminho, tropeçaram e deixaram o burro cair no chão. Os dois se agacharam e viram que o animal estava morto. 

Algumas vezes, tentando cuidar de nossa saúde, escutamos muitos comentários e opiniões. Muitos até desagradáveis, ou que não ajudam em nada. Poucas pessoas sabem respeitar nosso jeito de ser, e respeitar nossas decisões.

Não fique o tempo todo ouvindo a opinião dos outros, pois você pode ficar como o velho e o menino: indecisos, vulneráveis e, mais ainda, sem o controle da situação. Ouça a voz do seu coração, respeite seu tempo e (re)tome o controle da sua vida. Sem deixar de lado as orientações do seu médico, claro!

Boa final de semana!

 

*Essa história integra o livro As 14 pérolas da Índia, de Ilan Brenman e Ionit Zilberman, da editoa Brinque-Book, 2008.

 

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