Na continuação de seu artigo, o médico endorcrinologista, Dr. Ruy Lyra, presidente da Federação Latino Americana de Endocrinologia e Metabologia, fala sobre a importância da aderência ao tratamento prescrito pelo seu médico, e como isso a falta de aderência pode afetar o controle do diabetes e de outras doenças crônicas. Ruy Lyra também destaca os principais motivos para a falta de obediência ao tratamento.
Um dos motivos seria exatamente a quantidade de comprimidos que o paciente necessita tomar diariamente. Assim, apesar de poder ser positiva a combinação de dois ou mais medicamentos para ocontrole glicêmico, pode haver dificultar na adesão, já que aumentará o número de comprimidos ingeridos no dia a dia, sem contar que, muitas vezes, essas pessoas já tomam medicamentos para outras doenças. Por isso, a necessidade de conversar com o seu médico sobre a melhor terapia para você. E se a opção for pela combinação, com doses e horários fixos, lance mão de um porta-compridos e de um despertador para lembrá-los dos horários e conseguir um controle nota 10!
Leia a seguir a continuação do artigo do Dr. Lyra e converse com seu médico sobre as opções de tratamento existentes para o seu caso.
Artigo Dr. Ruy Lyra:
Associação de drogas em combinação fixa e aderência
A eficácia de qualquer terapêutica com fármacos é limitada pela pouca aderência ao tratamento. Diversos estudos têm mostrado que a obediência ao tratamento em doenças crônicas chega somente a 50%. Entretanto, pouca aderência e freqüentemente sub-estimada e não diretamente abordada pelos clínicos. Em 2008, estudo indicou que 40% dos quase 45 milhões de pacientes tratados para hipertensão arterial nos Estados Unidos não aderem ao tratamento e similar proporção foi observada para o tratamento com drogas hipolipemiantes.
Pouca obediência a qualquer medicação é relacionada a aspectos sócio demográficos, psicológicos, econômicos e clínicos. Idade avançada, doenças psiquiátricas e complexidade do tratamento têm sido repetidamente identificadas como preditores de pouca aderência, que se correlaciona claramente com o número de comprimidos que o paciente necessita tomar diariamente. Nesse contexto, utilizando-se menos comprimidos se pode aumentar a aderência ao tratamento. Vários são os estudos demonstrando a maior aderência com comprimidos em doses fixas, sendo vista em várias doenças, conforme apresentado na metanálise de Bangarole e colaboradores. Esse estudo mostrou que o risco de não aderência foi reduzido em 24-26%, quando comparado a regimes de combinação livre. No tocante ao tratamento do DM2, vários os estudos sinalizam na mesma direção, ou seja, para uma melhor obediência ao tratamento com o uso da terapia combinada em dose fixa. Ainda, uma vez que os portadores de DM2 freqüentemente necessitam de tratamento concomitante para hipertensão arterial, dislipidemia, uso de aspirina, dentre outros, portanto, caracterizando uma polifarmácia, torna-se vital a busca de tratamento o mais simples possível, como, por exemplo, o uso de combinações fixas, proporcionando condições para que os portadores dessa doença sejam efetivamente e adequadamente tratados para as comorbidades, o que provavelmente os tornará menos vulneráveis às complicações diabéticas.
Comentários finais
Do ponto de vista farmacológico, a associação fixa de drogas para o tratamento do DM2 se baseia na melhor eficácia anti-hiperglicemiante obtida com fármacos em baixa dosagem atuando em diferentes mecanismos envolvidos na gênese da doença, sem aumento dos efeitos colaterais indesejáveis.
Multimorbidade, frequentemente presente em portadores de DM2, aumenta o número de fámacos a serem utilizados diariamente, enquanto a habilidade de utilizá-los corretamente declina. Ainda, para um paciente que necessita de tratamento multifatorial, a simplicidade de posologia alcançada com o uso de combinações em dose fixa proporciona maior aderência, com isso maior possibilidade de controle adequado.
Embora, diante dos argumentos apresentados pareça plausível, estudos clínicos são necessários para comprovar o real benefício da associação fixa de drogas sobre a morbidade e mortalidade de pacientes diabéticos.
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