No começo da decada de 90 teve início no Brasil o tratamento, então inovador, com o uso de bombas de infusão de insulina. Esse recurso tem se aprimorado ao longo dos anos e hoje é uma realidade usada em todo o mundo, por adultos, crianças e bebês com diabetes tipo 1 que utilizam múltiplas injeções de insulina.
Para aqueles que nunca ouviram falar sobre esse moderno artificio, trata-se de um mini computador, do tamanho dos pequenos celulares atuais. Ligado por via subcutânea ao paciente, administra insulina de forma continua e programada, suprindo as necessidades basais do individuo e substituindo, assim, as insulinas de longa duração, administrando insulina agudamente para a correção de glicemias ou para cobrir a necessidade do hormônio durante a ingestão de carboidratos.
Dessa forma, a bomba de insulina propicia ao paciente uma grande ajuda no controle da glicemia e no seu bem-estar diário, permitindo-lhe uma vida ativa e sem muitas restrições de dieta ou de horários, que em muitos casos é o fator que dificulta a adesão ao tratamento quando a insulina é aplicada em múltiplas doses.
A terapia com a bomba está indicada para todos os pacientes que requerem o uso de insulina, mas ainda há uma mitificação por parte dos pacientes e por muitos médicos que, por não terem familiaridade com essa modalidade terapêutica, deixam de indicar ou incentivar a ampliação dessa terapia.
A bomba de infusão faz com que o paciente aprenda a pensar como agiria com um pâncreas normal. Assim, é possivel programá-la de forma a imitar esse funcionamento de forma bem mais fisiológica que com as múltiplas doses de insulina. O pâncreas de uma pessoa que produz insulina libera pequenas quantidades do hormônio dia e noite. Para as pessoas que usam bomba, ela será programada a liberar essas doses variáveis durante as 24 horas do dia, o que chamamos de fluxo basal de insulina. Da mesma forma, o pâncreas de uma pessoa sem diabetes libera automaticamente uma quantidade maior quando a comida é ingerida ou quando a pessoa por alguma razão tem uma alta da glicose. Esse é o chamado fluxo de bolus de insulina.
Para que os fluxos basais e bolus sejam programados são estudados e ajustados no período de instalação da bomba por uma equipe multidisciplinar, constituida por médico, nutricionista e enfermeiro especializado.
A boa noticia é que a terapêutica, hoje, está consagrada em todo o mundo. No Brasil é possivel contar com a colaboração do governo para a aquisição e manutenção dessa terapia.
Indicações:
A bomba está formalmente indicada para pacientes com as seguintes características:
– Hemoglobina A1C elevada com incapacidade de conseguir um bom controle no tratamento convencional;
– Hipoglicemia recorrente, noturna, induzida por atividade ou sem sintomas;
– Gravidez e/ou no seu planejamento;
– Cetoacidose recorrente;
– Hiperglicemia no inicio da madrugada;
– Gastroparesia (dificuldade de digestão dos alimentos e esvaziamento gástrico);
– Necessidade de flexibilidade de horário para o paciente fazer refeições e normalização do estilo de vida;
– Baixa necessidade de insulina (como crianças pequenas).
Perfil do usuário de bomba requerido para seu uso:
– Paciente dedicado e comprometido com seu tratamento, assim como psicologicamente estável;
– Disposição para monitorar a glicemia, registrando-a no mínimo quatro vezes ao dia;
– Disposição para aprender a quantificar e analisar o teor das refeições feitas;
– Disposição para seguir o acompanhamento médico necessário intensivo no inicio da terapêutica.
Benefícios:
– Melhor controle da glicemia, com menos variabilidades;
– Melhor controle das glicemias em jejum;
– Menor gravidade e frequência dos episódios de hipoglicemia;
– Maior flexibilidade e normalização do estilo de vida e maior sensação de bem-estar e adaptação à doença.
Por Dra. Christiane Sobral
Endocrinologista e Coordenadora do Centro de Diabetes do HSL. CRM-SP: 69.623.
As informações acima têm caráter meramente informativo. Elas não substituem o aconselhamento e o acompanhamento de médicos, nutricionistas, psicólogos, profissionais de educação física e outros especialistas.
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Diabetes tipo 2 podem usar
Luiz,
A bomba é indicada para diabéticos tipo 1.
Gostaria de saber quanto custa e onde eu compro uma bomba de insulina
Gisele,
As bombas de infusão de Insulina não comercializada por farmácias, você deve entrar em contato diretamente com o fabricante e solicitar valores. Atualmente existem 2 marcas de bombas sendo comercializadas no Brasil: Roche e Meditornic
Olá, estou preste a receber a minha bomba de infusão, agora uma dúvida surgiu ao ler seu artigo quando você diz: ... permitindo-lhe uma vida ativa e sem muitas restrições de dieta ou de horários... então poderei comer de tudo e em qualquer horário, pois ela só terá insulina no organismo para o alimento que ingerir e depois ficarei sem nada no organismo?
Obrigado
Marcus,
A bomba de infusão de insulina vai realmente te dar mais liberdade na hora das refeições, mas desde que você faça a contagem de carboidratos, para injetar a quantidade de insulina necessária para a refeição que você esta fazendo no momento.
boa noite tenho um filho de 17 anos diabetico mais ou menos 1 ano mas nao aceita nao faz dextro hora nenhuma gostaria de saber se ele pode fazer uso da bomba para ter controle do dextro onde e como posso conseguir pois nao tenho condiçoes financeira de compra obrigado pela atençao
Iara,
A primeira coisa a fazer é conversar com o médico de seu filho para verificar se ele tem indicação para uso de Bomba de infusão.
No site da ADJ - Associação de Diabetes Juvenil você encontra informações de como conseguir a Bomba de forma judicial. Entre em contato com eles.
Sou diabetica tipo 1 a 19 anos, e gostaria muito de usar a bomba.Mas ela e muito cara e nao sei como conseguir gratuitamente. Sei que a diabetes e uma doenca grave, e tenho medo de problemas futuros.Acho que com a bomba possa ter um estilo de vida melhor. Obrigado.
Eliane,
Entre em contato com a ADJ - Associação de Diabetes Juvenil, em São Paulo. Eles tem um departamento jurídico que poderá te dar uma orientação de como conseguir a bomba judicialmente.